O Executivo já autorizou a Cooperação Financeira Internacional, IFC, empresa vocacionada a apoiar financeiramente o setor privado, a mobilizar entidades interessadas e o destaque por enquanto recai para a UNITEL, como disse o Vice-Presidente da IFC, para o Médio Oriente e África, Sérgio Pimenta.
No caso da UNITEL, o governo angolano manifestou a sua intenção de envolver o sector privado e temos que trabalhar com o governo para ver quais são as soluções, as opções possíveis, não apenas a UNITEL, mas também no sector das comunicações para ver como é que se pode melhorar o conjunto do setor e torná-las mais dinâmicas e rentáveis disse Sérgio Pimenta.
Em 2022 o governo angolano nacionalizou a posição de 25% que Isabel dos Santos tinha na operada de telecomunicações Unitel, através da Vidatel. A mesma opção foi tomada em relação aos outros 25% da Geni, sociedade detida pelo general Leopoldino Fragoso do Nascimento (Dino). Os outros 50% da operadora eram controlados pela Sonangol.
Segundo Sérgio Pimenta, desde a abertura, em 2019, do escritório da IFC foram mobilizados mais de 500 milhões de dólares (462 milhões de euros) para Angola, tanto em termos de investimentos a longo prazo, como a curto prazo, para apoiar operações de comércio internacional, que são importantes para o país.
O responsável frisou que um dos objetivos da sua visita ao país lusófono é trabalhar com a equipa local com vista a analisar possibilidades para o aumento de financiamentos.
De acordo com Sérgio Pimenta, este compromisso da IFC e do Banco Mundial com Angola reflete-se na colaboração com o Governo angolano para apoiar o desenvolvimento de uma sólida carteira de projetos de PPP em setores prioritários.
"Em Angola, vemos boas oportunidades de apoio aos setores da saúde, da energia, dos transportes, e das comunicações. Estes setores são críticos para o crescimento económico sustentável e inclusivo do país, com potencial para criar emprego e aumentar a produtividade de outros setores, assegurando simultaneamente a prestação de serviços públicos críticos para o desenvolvimento social", referiu.
Com uma previsão de crescimento económico de cerca de 4,3%, em 2025, após a recuperação económica em 2023, Sérgio Pimenta considerou que uma menor dependência da indústria petrolífera "ajudaria a impulsionar o crescimento económico, criar bons empregos e melhorar as condições de vida".
"No campo da diversificação económica existem boas perspetivas. O Governo pode e está a focar-se mais na agricultura, pescas, indústria e produção de energia renovável em todo o país, bem como em serviços digitais para construir uma economia mais resiliente e diversificada", referiu.
O responsável defendeu a necessidade de "um investimento significativo por parte do setor privado, associado a um forte empenho político e ao apoio dos parceiros internacionais de desenvolvimento", considerando ainda que as PPP constituem uma das vias a seguir, para ultrapassar um dos principais desafios de África, que são a falta de infraestruturas adequadas e dos serviços que delas dependem.
Sérgio Pimenta sublinhou que os serviços de assistência técnica para transações da IFC em Angola têm apoiado os planos do Governo de alienar a sua participação na Unitel, empresa privada de telefonia móvel, incluindo uma possível cotação na bolsa de valores.
Aos jornalistas, o responsável da IFC declarou que se trata de um dossiê importante que pode trazer mais concorrência, mais qualidade dos serviços, destacando que o setor das telecomunicações pode contribuir para o desenvolvimento do país.