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Sexta, 15 Novembro 2013 19:31

“Dhlakama não constitui perigo para as FADM” EMG de Moçambique

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Graça Tomás Chongo, Chefe do Estado-Maior General, em Grande Entrevista Graça Tomás Chongo, Chefe do Estado-Maior General, em Grande Entrevista

Windhoek- O Chefe de Estado-Maior General das forças Armadas de Moçambique, Major General Graça Tomás Chongo diz que Afonso Dhlakama não o preocupa e nega que haja discriminação de elementos da Renamo nas FADM. Graça Chongo diz ainda que o seu efectivo está à altura dos desafios actuais e minimiza a polémica na zona military. Uma das nossas obrigações é fazer com que estes jovens entendam a necessidade, entendam o dever de estar nas Forças Armadas. A defesa da pátria não é coisa fácil”.

Angola24horas: Foi empossado há cerca de três meses para o cargo de Chefe do Estado-Maior General. Qual é o seu maior desafio na liderança das Forças Armadas?

Major General Graça Tomás Chongo - Cumprir todas as orientações que o Governo me transmitiu. E sinto que vou cumprir.

Angola24horas: Como encontrou o seu efectivo quando assumiu a liderança?

Major General Graça Tomás Chongo - Faço parte das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, há bastante tempo, e não encontrei novidade nenhuma. Para nós, as mudanças são muito mais para dar a melhor continuidade. Isto significa que é preocupação minha dar essa boa continuidade.

Angola24horas: Qual é o modelo de recrutamento e de formação a todos os níveis nas Forças Armadas?

Major General Graça Tomás Chongo -Quem faz o recrutamento é o Governo. As Forças Armadas recebem o efectivo já recrutado. A formação subordina-se ao Estado-Maior General. Tem sido uma grande preocupação nossa formar a juventude em várias áreas. Isso significa formar especialistas de acordo com a especialização de hoje.

Angola24horas: Olhando para a Academia Militar, quais são os horizontes que As FADM colocam como desafio nesta academia?

Major General Graça Tomás Chongo -Temos certos estabelecimentos de ensino a nível das Forças Ar­madas. Começamos a nossa formação no Centro de Sargentos. Temos a academia que forma jovens oficiais das forças armadas em todas as especialidades que são prioritárias neste momento. Transformamos aquele sargento em oficial jovem. São esses jovens que devem garantir a continuidade daqueles velhos. Temos o instituto, onde qualificamos o conhecimento dos antigos sargentos. Na verdade, acrescentam os seus conhecimentos em diferentes áreas científicas da sociedade. Todavia, esses estabelecimentos são complementados pelos centros de especialização.

A vida militar é completamen­te diferente da vida civil. Nos últimos anos, tem-se notado a existência de muitos jovens a aderir às Forças Armadas. Estes jovens chegam com real noção do que é fazer parte do exército? Qual é o principal desafio que as Forças Armadas têm para fazer

Angola24horas: compreender aos jovens que entram para uma nova vida onde se cumprem ordens?

Major General Graça Tomás Chongo -É difícil, mas não podemos dizer que eles vêm sabendo que a vida é difícil. Eles vêm para aprender. Uma das nossas obrigações é fazer com que estes jovens entendam a necessidade, entendam o dever de estar nas Forças Armadas. A defesa da pátria não é coisa fácil. Que eles tomem isso como uma necessidade e um dos valores que os cidadãos moçambicanos têm. Nas Forças Armadas, temos aquela área a que chamamos educação cívica patriótica, onde educamos o cidadão. Ensinamos o que é ser moçambicano, o que é a defesa da pátria, o que é a nação, quando é que o cidadão deve contribuir. A partir desse momento, os jovens começam a perceber que não é fácil. Por isso, depois de muito treino e formação, enquadram-se com muita facilidade.

Angola24horas: FADM?

Major General Graça Tomás Chongo  -Há desertores, sim. Nós temos que entender que nas Forças Ar­madas temos aquilo a que cha­mamos disciplina militar e que ela muitas vezes é violada. Temos, igualmente, actos criminais e um dos actos criminais é a deserção. Isso significa que todos os que desertam das Forças Armadas estão a cometer crimes. A nossa lei é bem clara, o desertor é um criminoso.

Um dos aspectos mais inquietantes e, ao mesmo tempo, constitui um tabu é a existência nas forças armadas de outras raças. Sendo este um país multirracial, por que as outras raças não estão nas Forças Armadas?

(risos) O recrutamento para a vida militar não depende das Forças Armadas. Depende do Governo. Agora, quem vai para as Forças Armadas é bem rece­bido. Quando vamos a uma pe­quena unidade, não vemos um branco, mas noutras unidades encontramos brancos. Nós te­mos alguns brancos. Fazer parte das Forças Armadas é um de­ver de todos os moçambicanos. Mas os moçambicanos sabem que não há discriminação racial nas Forças Armadas.

Angola24horas: Temos um  membro das Forças Armadas que seja moçam­bicano de origem asiática?

Major General Graça Tomás Chongo -Temos. São poucos moçambicanos de origem asiática, por­que o facto de estar em Moçam­bique não significa ser moçam­bicano.  Ainda faz sentido ter quartéis dentro da cidade? Não é chega­da a hora do reposicionamento das infra-estruturas militares?

O Governo dirige a socieda­de.  As Forças Armadas ocupa­ram algumas infra-estruturas deixadas pelas Forças Armadas portuguesas. Algumas não esta­vam dentro da cidade, só que a cidade cresce é preciso que haja prioridades. Eu não gostaria de responder por que não constru­ímos o quartel fora da cidade. O quartel não se constrói de um dia para o outro. O quartel é pa­trimónio do Estado e ele é que o controla. As Forças Armadas podem ter vontade de ficar no mato, nas tendas, mas estas ten­das não vão ficar muito tempo.

Angola24horas:  As FADM estão em sintonia com o plano de restruturação da zona militar?

Major General Graça Tomás Chongo -As Forças Armadas não estão muito preocupadas com as infra­-estruturas que o Estado lhes en­tregou. Se disserem que as Forças Armadas devem sair da zona militar, vão sair. As FADM não preci­sam exigir ao Governo para sair ou não sair. As FADM cumprem as orientações do Governo. A zona militar constitui património do Estado e as pessoas que moram lá não podem vender aquele terri­tório, uma vez que não diz respei­to às Forças Armadas, mas, sim, a todo o património do Estado.

Angola24horas: Guiné-Bissau é um dos países onde o poder militar se sobre­põe ao poder político. E, exem­plo disso são os constantes gol­pes de Estado. No nosso país, qual é a relação entre a ala mili­tar e o braço político?

Major General Graça Tomás Chongo -As FADM subordinam-se ao poder político. Não gostaria de relacionar as FADM com as for­ças armadas guineenses. Temos os nossos princípios, sabemos o que fazemos, toda a orienta­ção está muito bem clara. Nós temos uma cooperação bilate­ral e multilateral com a Guiné­-Bissau

Entrevista conduzida por: Temba Museta, jornalista angolano, residente em Windhoek- Namíbia

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