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Segunda, 06 Abril 2015 22:05

Quénia bombardeia islamitas na Somália após ataque à Universidade de Garissa

Caças quenianos desencadearam na última noite uma vaga de bombardeamentos sobre posições do movimento extremista islâmico al-Shabab na vizinha Somália. É a resposta de Nairobi ao mortífero atentado de 2 de abril contra estudantes cristãos da Universidade de Garissa.

Foram dois os primeiros alvos da aviação do Quénia na investida contra o al-Shabab, movimento radical que reivindicou o morticínio da passada quinta-feira na Universidade de Garissa, com um saldo de 148 vítimas. Os projéteis dos caças quenianos abateram-se sobre campos dos islamitas na região somali de Gedo.

O ataque de 2 de abril contra a Universidade de Garissa, a cerca de 150 quilómetros da fronteira com a Somália, é o mais mortífero no historial de ações do al-Shabab em território queniano.

Este grupo conotado com a al Qaeda declarou guerra ao Quénia, exigindo a Nairobi a retirada das tropas enviadas em 2011 para território somali em apoio do frágil Governo de Mogadíscio.

Perante um país de luto, o Presidente do Quénia, Uhuro Kenyatta, havia prometido contra-atacar “da forma mais severa”.

A retaliação teve início na noite de domingo, segundo o porta-voz militar queniano David Obonyo, citado pela edição on-line da BBC. A mesma fonte não quis avançar com mais detalhes sobre a operação aérea.

Entretanto, o Governo queniano esforça-se por desmentir acusações de lentidão na primeira resposta à ocupação da Universidade.

Também ouvido pela emissora pública britânica, o porta-voz presidencial Manoah Espisu alegou que as forças militares chegaram ao campus poucos minutos após o ataque do al-Shabab, tendo mesmo resgatado um grande número de estudantes.

Contudo, a comunicação social queniana tem noticiado as várias horas de espera até à chegada das forças especiais. Quatro militantes islamitas envolvidos na execução de estudantes cristãos foram abatidos mais de 15 horas após a entrada no complexo universitário. E o diário de grande tiragem Daily Nation denunciou mesmo, em editorial, o que considerou ser “negligência a uma escala a roçar um ato criminoso”.

Três dias de luto

Um dos atiradores foi identificado como Abdirahim Abdullahi, um jovem queniano de etnia somali diplomado em Direito pela Universidade de Nairobi, em 2013. O seu pai é um dirigente local da região fronteiriça de Mandera.

O derramamento de sangue na Universidade de Garissa chocou a maioria cristã do Quénia e ensombrou as celebrações da Páscoa. O país começou ontem a observar três dias de luto nacional. As bandeiras estão a meia-haste.

“Os terríveis acontecimentos de Garissa ainda estão frescos nos nossos espíritos e nos nossos corações, mas hoje é um dia de nova esperança. Os terroristas querem provocar o medo e a divisão na nossa sociedade, mas nós devemos dizer-lhes que não vencerão”, exortava no domingo o arcebisbo anglicano Eliud Wabukala, durante o seu sermão na Catedral de Todos os Santos, em Nairobi.

Por sua vez, Hassan Ole Naado, dirigente do Conselho Supremo dos Muçulmanos do Quénia, advertiu contra o ódio entre confissões religiosas: “O Quénia está em guerra, todos devemos permanecer solidários”.

LUSA

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