A aliança de opositores, considerada impossível após 30 anos de domínio absoluto do ANC, marca uma virada na história política sul-africana desde o fim do apartheid, a ascensão do partido de Nelson Mandela e a sua eleição como presidente da República, em 1994.
"Hoje, a África do Sul é um país melhor do que era ontem. Pela primeira vez desde 1994, nos comprometemos com uma transferência pacífica e democrática do poder a um novo governo, que será diferente do anterior", disse o líder da Aliança Democrática, John Steenhuisen, em um discurso.
"Deste dia em diante, a Aliança Democrática co-governará a República da África do Sul num espírito de união e cooperação", acrescentou, descrevendo o governo como o "novo normal".
Esta é uma revolução também para a Aliança Democrática, que tem trabalhado para apagar a sua imagem de grande partido "branco" e liberal, que defende os interesses das classes ricas, e visto com suspeita pelos eleitores do ANC.
A coligação incluirá ainda o Partido da Liberdade Nacionalista Zulu Inkatha (IFP) e a Aliança Patriótica (PA).
Governo de Unidade na África do Sul integrará maioria dos partidos com eleitos - ANC
O secretário-geral do Congresso Nacional Africano (ANC) anunciou hoje que a maioria dos 18 partidos representados no parlamento concordou em formar um Governo de Unidade Nacional (GNU) com o partido no poder na África do Sul.
O anúncio de Fikile Mbalula foi feito à margem da primeira sessão do parlamento sul-africano, que deverá eleger o Presidente da República ainda hoje.
“Podemos confirmar que a maioria dos partidos concordou com o estabelecimento de um Governo de Unidade Nacional, o que incluirá cooperação tanto no executivo quanto no legislativo”, declarou.
“Espera-se que os partidos do GNU adotem uma 'declaração de intenções'”, adiantou.
“Assinámos com o DA [Aliança Democrática] e isso é importante, também assinaremos com outros partidos”, afirmou à imprensa.
O parlamento sul-africano é composto por 18 partidos políticos que elegeram 400 mandatos para a Assembleia Nacional nas eleições gerais realizadas em 29 de maio, segundo a comissão eleitoral.
O Congresso Nacional Africano (ANC) chegou a um acordo com o principal partido da oposição, o Aliança Democrática (DA), para formar um Governo de Unidade Nacional, anunciou também hoje o líder do DA, John Steenhuisen.
O líder do IFP, Velenkosini Hlabisa, confirmou à Lusa que o partido também faz parte do acordo com os dois maiores partidos políticos da África do Sul para formar um Governo de Unidade Nacional.
O sétimo parlamento da África do Sul empossou hoje 85,5% dos 400 recém-eleitos legisladores após um boicote do partido uMkhonto weSizwe (MK), do ex-Presidente Jacob Zuma, por falta de comparência.