A Omunga e Associação Mãos Livres, ambas defensoras e promotoras dos direitos humanos em Angola, lamentaram o sucedido, precisamente no mês em que Angola celebrou os 22 anos de paz e reconciliação nacional, em 04 de abril, exortando ao diálogo.
Numa nota de repúdio, a Mãos Livres condenou com veemência o ataque contra a caravana de deputados da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido na oposição), ocorrido na passada sexta-feira, referindo que o mesmo pode manchar o processo de reconciliação nacional.
A ONG instou a direção da Assembleia Nacional (parlamento), o grupo parlamentar da UNITA e a Polícia Nacional do Cuando-Cubango para um esclarecimento público “para se evitar que situações idênticas voltem a ocorrer”.
Para a Associação Mãos Livres, sejam quais forem as razões, “o melhor caminho é o diálogo franco e aberto para sanar os resquícios do passado”.
A polícia do Cuando-Cubango confirmou a existência de quatro feridos num ataque a uma caravana de deputados da UNITA, na sexta-feira, mas negou que o partido tenha solicitado escolta às autoridades.
A UNITA denunciou na sexta-feira um ataque a uma caravana de deputados que exerciam trabalho parlamentar naquela província, de que teriam resultado um morto e seis feridos, informação corrigida posteriormente para nove feridos, dos quais cinco graves.
A Omunga disse ter assistido ao que aconteceu com “muita pena”, referindo que os 22 anos de paz e reconciliação nacional deveriam significar convivência pacifica entre os angolanos, respeito pela diferença e respeito pelas instituições.
De acordo com esta organização, os acontecimentos de 12 de abril no Cuando-Cubango são "prova inequívoca de que os angolanos ainda não estão reconciliados, apesar de tantas tentativas que de certa forma incentivaram o caminho da reconciliação nacional”.
“Urge a necessidade de trabalharmos todos na cultura da paz entre os angolanos. Chegou o momento de construirmos um verdadeiro Estado de direito e democrático”, defendeu a ONG.
Os autores do ataque à caravana de deputados e militantes da UNITA seriam alegadamente militantes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder em Angola desde 1975, segundo o líder do grupo parlamentar da UNITA, Liberty Chiyaka.
O MPLA demarcou-se destas ações, pela voz do seu secretário-geral, Paulo Pombolo, que negou incitações à violência e à intolerância política.
“O MPLA pela sua dimensão, aliás, é o partido da paz. Somos nós, o MPLA, que lutámos para que esse país fosse pacificado. Nós é que demos termo à guerra”, disse Paulo Pombolo aos jornalistas, à margem do lançamento da campanha “Abril da Paz, do Amor e do Perdão-Mais Angola, Mais Cidadania", citado pela agência angolana Angop.