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Segunda, 19 Mai 2014 19:07

Ganhe Vaz ou Nabian na Guiné-Bissau, tensões com militares vão continuar

Mais importante que o aguardado resultado da segunda volta das eleições presidenciais na Guiné-Bissau, será a forma como for implementada a reforma do aparelho militar e do país. Ganhe José Mário Vaz (`Jomav´) ou Nuno Gomes Nabian, para já as tensões entre políticos e militares vão continuar.

Num artigo publicado em vésperas da votação, o analista Paulin Maurice Toupane, do Institute for Security Studies (ISS), afirma que o principal desafio para as autoridades escolhidas nestas eleições, cuja votação decorreu no domingo, será acabar com as tensões com o poder militar e por cobro à influência dos militares na política. Isto, para além de repor a ordem constitucional, em suspenso desde o golpe de abril de 2012.

Se as reformas não forem iniciadas e levadas a cabo de forma eficaz, o “triângulo vicioso” das Forças Armadas, primeiro-ministro e presidente “provavelmente continuará a ser uma fonte de instabilidade”. E não é de excluir inteiramente a possibilidade de uma nova crise política e golpe militar, afirma o analista.

Se a vitória for de Jomav, o favorito, o PAIGC controlará a presidência e parlamento. Neste cenário, os militares poderão sentir-se ameaçados pela Justiça e reagir. Uma vitória de Nabian, por outro lado, pode trazer de volta as “rivalidades” entre governo e presidência.

Nabian é visto como o “candidato dos militares”, por ter o apoio destes. Vaz beneficia de fama de bom gestor, que lhe granjeou a alcunha de “Homi di 25” – por ter pago pontualmente os salários dos funcionários públicos a 25 de cada mês, enquanto foi ministro das Finanças.

Para o analista, as “sementes da instabilidade” ainda estão presentes, e é duvidoso que as aspirações de paz, segurança e estabilidade serão realizadas.

A solução para as novas autoridades, defende, pode passar por um diálogo alargado a todos os atores nacionais. Ao mesmo tempo, os militares devem ser envolvidos no processo de reforma, desde a conceção à implementação. “Embora entendido corretamente como parte do problema, o exército deve também ser considerado parte da solução”, afirma.

Lusomonitor

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