Num artigo publicado em vésperas da votação, o analista Paulin Maurice Toupane, do Institute for Security Studies (ISS), afirma que o principal desafio para as autoridades escolhidas nestas eleições, cuja votação decorreu no domingo, será acabar com as tensões com o poder militar e por cobro à influência dos militares na política. Isto, para além de repor a ordem constitucional, em suspenso desde o golpe de abril de 2012.
Se as reformas não forem iniciadas e levadas a cabo de forma eficaz, o “triângulo vicioso” das Forças Armadas, primeiro-ministro e presidente “provavelmente continuará a ser uma fonte de instabilidade”. E não é de excluir inteiramente a possibilidade de uma nova crise política e golpe militar, afirma o analista.
Se a vitória for de Jomav, o favorito, o PAIGC controlará a presidência e parlamento. Neste cenário, os militares poderão sentir-se ameaçados pela Justiça e reagir. Uma vitória de Nabian, por outro lado, pode trazer de volta as “rivalidades” entre governo e presidência.
Nabian é visto como o “candidato dos militares”, por ter o apoio destes. Vaz beneficia de fama de bom gestor, que lhe granjeou a alcunha de “Homi di 25” – por ter pago pontualmente os salários dos funcionários públicos a 25 de cada mês, enquanto foi ministro das Finanças.
Para o analista, as “sementes da instabilidade” ainda estão presentes, e é duvidoso que as aspirações de paz, segurança e estabilidade serão realizadas.
A solução para as novas autoridades, defende, pode passar por um diálogo alargado a todos os atores nacionais. Ao mesmo tempo, os militares devem ser envolvidos no processo de reforma, desde a conceção à implementação. “Embora entendido corretamente como parte do problema, o exército deve também ser considerado parte da solução”, afirma.
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