Sexta, 26 de Abril de 2024
Follow Us

Terça, 09 Junho 2020 12:12

Obras do futuro centro de pandemias do Calumbo vão custar 33,9 milhões USD

As obras de reabilitação do futuro Centro Especializado para o Tratamento de Epidemias e Pandemias, no Calumbo, num terreno com 200 casas degradadas - uma aquisição realizada pelo Estado angolano por 25 milhões de dólares que gerou polémica -, vão custar 33,9 milhões de dólares norte-americanos.

Aos 33,9 milhões de dólares das obras de reabilitação juntam-se 559,4 milhões de kwanzas respeitantes ao contrato de fiscalização da empreitada.

A despesa foi autorizada pelo Presidente da República num despacho que justifica a medida com "a imperiosa necessidade da criação de condições dignas para se evitar a propagação descontrolada do vírus, bem como de aumentar as acomodações hospitalares para dar cobertura ao tratamento dos cidadãos que eventualmente vierem a ser infectados e daqueles que deverão ser submetidos a testes de despistagem ou isolamento temporário".

No despacho, o Chefe de Estado autoriza o ministro das Obras Públicas e Ordenamento do Território a praticar todos os actos decisórios e de aprovação tutelar, incluindo a assinatura dos contratos, enquanto à ministra das Finanças é ordenado que inscreva a despesa no Programa de Investimentos Públicos e disponibilize os recursos financeiros necessários à execução do contrato.

O negócio da aquisição do terreno onde se situam os 200 fogos, conhecido no início de Maio, desencadeou alguma polémica pelo elevado preço atribuído às casas, alegadamente muito superior ao seu valor de mercado.

A polémica foi ainda maior quando ao governo sombra da UNITA, ouvido pela Lusa, garantir que as casas pertenciam a um assessor do ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, que é também "coordenador da comissão intersectorial de luta contra a covid-19".

"As casas em questão são de baixa renda e o seu valor real de mercado é de apenas oito milhões de kwanzas", disse na altura à Lusa o principal partido da oposição, indicando ter pedido uma avaliação a especialistas independentes "que estimam que as residências estão a ser demasiadamente sobre-facturadas".

Outra voz que se levantou foi a do deputado independente da Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE), Makuta Nkondo, que disse à Voice of América (VOA), que o preço pago era "um roubo" e defendeu que o Presidente João Lourenço está mal-acompanhado e que "enquanto estiver com os actuais auxiliares o sistema continuará corrupto".

Gaspar dos Santos, secretário da Juventude do Partido de Renovação Social (PRS), que visitou as habitações, também declarou à VOA que os preços demonstram uma clara sobrefacturação e defendeu a "revogação do decreto que autoriza a respectiva aquisição" por ser "um autêntico roubo". NJ

Rate this item
(0 votes)