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Segunda, 06 Janeiro 2020 09:12

Invasão a posto da Polícia faz dois mortos no Moxico

O posto de Polícia do Lucusse, na província do Moxico, foi invadido por uma grupo de, aproximadamente, 300 pessoas, entre mulheres, homens e crianças, por ter sob custódia um indivíduo que estava a ser acusado de feitiçaria. Os populares usaram objectos contundentes e agrediram até à morte um agente da Polícia. Em resposta, um menor de 10 anos foi baleado mortalmente

Um cidadão, no município de Lucusse, província do Moxico, estava a ser acusado de feitiçaria. A acusação surgiu pelo facto de ter sido encontrada no seu telemóvel uma lista de pelo menos 59 pessoas, moradoras daquela localidade, que teriam de morrer. Diante dos factos, o soba local mobilizou sete cidadãos no sentido de identificar o suposto feiticeiro para os devidos esclarecimentos. Neste processo, houve resistência e agressões, ao ponto de os efectivos da Polícia Nacional serem chamados a intervir para resgatar o cidadão. Segundo o inspector-chefe, Alberto Pacheco, porta-voz provincial da Polícia Nacional, que conversou ao telefone com o Jornal OPAÍS, o cidadão chegou a ser resgatado e levado para a esquadra da Polícia.

Numa altura em que prestava declarações no piquete, eis que o Posto Policial registou inicialmente um pequeno grupo que tentava reivindicar o facto de terem sob custódio o suposto feiticeiro. Na primeira tentativa de invasão, segundo o interlocutor, a força policial ainda conseguiu dispersar o grupo. A segunda tentativa foi a derradeira, com cerca de 300 pessoas, entre mulheres e homens, incluindo crianças, que se dirigiram ao posto, munidos de catanas, paus, enxadas, facas e outros objectos contundentes com o intuito de assassinar o referido feiticeiro do bairro. A Polícia Nacional, na tentativa de evitar a morte do homem, defendeu-se dos agressores, tendo sido, na ocasião, espancado brutalmente um agente do referido posto policial, que teve morte imediata.

Na salvaguarda da autoridade do Estado, a Polícia recorreu à força, utilizando armas de fogo, tendo num dos disparos efectuados atingido mortalmente um menor de dez anos, integrante do grupo de invasores. “As vítimas mortais são Augusto Sabalo, de 10 anos, e o agente de 1ª Classe Manuel João António, de 36 anos. Foram ainda detidos seis cidadãos como presumíveis autores da morte do polícia. Diligências continuam a ser feitas no sentido de identificar os verdadeiros autores, pese embora a acção tenha sido conjunta”, disse o inspector-chefe Alberto Pacheco. Durante a invasão, e porque os polícias todos procuravam a melhor forma de se defender, o cidadão acusado de feitiçaria pôs-se em fuga, segundo o interlocutor.

A invasão, para além dos dois mortos causados, resultou na destruição total do mobiliário da esquadra policial, desaparecimento de dois pares de farda e outros vestuários dos polícias. “Roubaram ainda uma arma de fogo, neste caso, a arma do agente agredido até à morte, mas que já foi recuperada. Neste momento em que vos falo, a situação está controlada, pelo que foram mobilizados 20 agentes da Polícia de Intervenção Rápida que nos ajudaram a repor a ordem e a tranquilidade pública”, acrescentou. Ainda ontem, altura em que conversou com o OPAÍS, havia agentes na localidade em que se originou a acusação de feitiçaria, mas não foi possível fazer novas detenções porque boa parte dos moradores fechou as casas e ausentouse do bairro. OPAIS

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