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Sexta, 09 Novembro 2018 17:53

Matias Damásio: O (rei) romântico para uns, o lacaio e o bajulador para outros

Ao iniciar este texto importa dizer que por ser tão longa a minha abordagem sobre o musico Matias Damásio e outras coisas relacionadas.

Por Fernando Vumby

Achei por bem dividi-lo em quatro partes para não vos torturar fatigando com muito tempo agarrado ao mesmo e longo tema.

Falar do autor da matemática do amor, sol e lua, saudades de nós dois, promessas falsas, agi sem pensar, evite problemas, noite fria, quem me dera, mboa Ana e outras músicas que tocaram dia e noite não apenas nos taxi, botequins de cerveja e kaporroto.

Quase obrigatórias em todas as maratonas do MPLA e outras festas milionárias organizadas no palácio da republica, a associação imediata é sempre a da superfície, e esta, é sem dúvidas qual foi o seu papel no Eduardismo?

Lembrar - me daquele que foi o papel do Matias Damásio no Eduardismo e de outros tantos da sua linhagem de quem vou falar qualquer dia noutro texto.

Para mim é mergulhar, reviver, entrar de volta na pele daqueles tantos músicos que eram perseguidos, barrados e suas músicas proibidas de serem tocadas nos canais estatais

Enquanto como obrigação e por ordens superiores só faziam passar as músicas dos que vangloriavam e lambiam a imagem do ditador JES.

E se mais importante do que cantar bem, ter boa voz, fazer mexer e remexer muitas bundas ou partir vários corações, é o conteúdo transmitido pela mensagem.

Comportamento e atitude do musico como figura pública, leve a mal quem quiser, para mim Matias Damásio esteve entre os músicos que mais bajulou e vangloriou a imagem de um dos maiores ditadores que a nossa triste, penosa e humilhante história conheceu de nome JES.

Mesmo tendo batido em Angola todos os Record as suas músicas, para mim e falo por mim, Matias Damásio, não é aquele tipo de musico que merece uma atenção assim tão especial como um MCK, Bonga ou Brigadeiro 10 pacotes por exemplo.

Pois sou daqueles que valorizo muito a mensagem que transmitem os músicos num determinado contesto, sua atitude e seu comportamento dentro deste mesmo contesto.

Mas respeito e respeitarei sempre aqueles que lhe aplaudem pouco se importando de algumas virtudes que fazem dos músicos e suas músicas verdadeira ações nobre.

E como os gostos não se discutem, respeitam-se, e ainda bem que é assim.

Pois se não, seria um cansaço termos todos os mesmos gostos e agradarmos a toda gente num país como o nosso, com tantas coisas diferentes.

Algumas esquisitas e arrepiantes umas menos do que as outras, e todas as formas possíveis e até bizarras dos músicos ganharem o seu pão e se tornarem famosos e poderosos.

Ele já foi a atração, se não mesmo o verdadeiro artista em grandes festivais organizados pelo regime, participou em castings, galas organizadas por uma TPA ao serviço claramente do regime mais corrupto e brutal onde arrecadou prémios sem a presença de outros músicos que estavam condenados alguns mesmos até ao seu último dia de vida.

Participou em várias festas milionárias no palácio num momento em que crianças, homens, velhos e jovens morriam por falta de quase tudo, artistas morriam de forma estranha, outros eram perseguidos e barrados na TPA sem nunca ter refilado uma única vez.

Nem mostrado um único gesto público de solidariedade para com os outros músicos que não tinham as mesmas facilidades como ele.

Se calhar porque não tinham o cartão da bajulação nacional institucionalizada, desobediência, quando não porque eram conotados como sendo da UNITA como foi o caso de alguns, dos quais também vou escrever um dia destes.

É muito comum no meio artístico os medíocres fazerem um papel ambíguo dentro do seu meio, para poderem alcançar alguma notoriedade, cientes que são, de serem desprovidos de talento para atos de nobreza que os torne mais valorizados.

Mas a história ainda vai a tempo de corrigir a trajetória de Matias Damásio quando ele mesmo dar conta e reconhecer que estava do lado errado.

E que fez um papel de bajulador de um dos regimes mais brutais que Angola já teve.

Se consideramos de que as consequências da corrupção apadrinhada por JES causou mais mortes em Angola do que a SIDA ou o facciosismo por exemplo...

Continuarei

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