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Domingo, 10 Novembro 2019 12:05

Desemprego é razão para apostar na agricultura e pescas em Angola - BAD

O vice-presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) Sherif Khaled disse hoje que a alta taxa de desemprego é uma das principais razões para Angola apostar na diversfiicação, devendo privilegiar a agricultura e pescas.

"Angola está a lidar com uma taxa de desemprego de 30%, e é uma das razões para diversificar a economia, já que o combate ao desemprego provou ser um desafio consistente", disse Sheirf Khaled, em entrevista à Lusa em Abidjan, à margem da reunião extraordinária de governadores do BAD que aprovou o aumento de capital do banco para 208 mil milhões de dólares.

O banqueiro sustentou que "parte do processo de diversificação tem de servir para ajudar Angola a ser autossuficiente em termos alimentares, não faz sentido o país importar metade dos alimentos que consome".

O país, acrescentou, deve "desenvolver a agricultura de forma significativa para ter uma maneira de combater os preços baixos do petróleo, para que não o setor petrolífero não seja o principal condutor da economia", um processo que, reconheceu, será longo.

"Angola tem potencial para tudo, tem uma força de trabalhar relativamente bem educada, tem potencial para diversificar, especialmente na agricultura e nas pescas, mas agora, olhando para o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto], o grande problema é garantir que o Governo continua a apostar na estratégia que tem seguido para promover a estabilidade económica, como tem feito até agora", afirmou o vice-presidente do BAD com o pelouro da Integração e Desenvolvimento Regional.

Questionado sobre o que pode o Governo fazer agora, num contexto de desvalorização da moeda, crescimento económico negativo e dívida pública nos 90% do PIB, Sherif Khaled reconheceu que "o financiamento é um desafio significativo", mas lembrou os envelopes financeiros do BAD, de 700 milhões de dólares (635 milhões de euros), e do Fundo Monetário Internacional, de 3,7 mil milhões (3,35 mil milhões de euros).

"Primeiro que tudo, Angola tem de pensar como criar riqueza através da promoção de um setor nacional que possa empurrar a economia, porque um dos problemas persistentes em África é que os governos detêm demasiados ativos públicos que são os motores da diversificação económica, por isso tem de abrir o país ao investimento privado", argumentou Khaled.

Este investimento privado, continuou, "não é apenas estrangeiro, o setor nacional é chave e é preciso desenvolver o setor privado, não só na área da agricultura, mas também nas pescas, que oferece oportunidades espetaculares na costa, e é uma área absolutamente importante quando se tenta avançar para a autossustentabilidade alimentar".

O BAD, salientou, "está empenhado em apoiar o Governo de Angola para lidar com os desafios e garantir estabilidade macroeconómica, em conjunto com o Banco Mundial e com o FMI, que é um pré-requisito para conseguir ter um bocadinho de espaço orçamental para fomentar a diversificação económica".

Por isso, concluiu, "o Governo precisa agora imediatamente de apoio da comunidade internacional, do BAD, do FMI, do Banco Mundial, para garantir espaço de manobra e continuar com as reformas estruturais como o programa de privatizações a ou a introdução do IVA, que são exatamente as reformas que precisa de fazer para abrir caminho para aliviar o peso da dívida e começar a diversificação".

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