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Terça, 30 Julho 2019 16:54

Importadores e comerciantes escondem os produtos nos armazéns para provocar a subida dos preços - INADEC

O Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (INADEC) denunciou esta terça-feira a existência de importadores e comerciantes que estão a guardar os produtos nos armazéns, o que tem provocado a subida brusca dos preços nas lojas e armazéns nas últimas duas semanas.

Neste âmbito, segundo o director do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor, Diógenes de Oliveira, já estão no terreno equipas constituídas por inspectores do Ministério do Comércio, INADEC e Serviço de Investigação Criminal (SIC), para autuar os comerciantes envolvidos neste tipo de prática.

"Estamos a trabalhar em parceria com os inspectores do comércio, SIC e outros sectores que supervisionam a actividade comercial, visando sensibilizar os agentes comerciais a praticar preços justos. Nas últimas duas semanas, a situação piorou. Por isso, vamos tomar medidas sérias", avisou o director do INADEC.

De acordo com o responsável, os preços ao consumidor na cidade de Luanda e em todo o País registaram subidas acentuadas nos últimos dias, com alguns produtos a custarem o dobro ou mesmo o triplo do que custavam.

Diógenes de Oliveira instou os cidadãos a estarem atentos aos comerciantes que, "ávidos pelo lucro fácil", optam por práticas lesivas aos direitos do consumidor.

"A especulação é uma prática que nos preocupa. Por força do decreto presidencial nº206/11/29, a margem de lucros não pode ser superior a 20 por cento. Por isso, apelamos, aos cidadãos a denunciarem os comerciantes que praticarem preços especulativos ou comercializarem produtos com prazo de caducidade vencido", frisou, afirmando ser necessário reforçar a fiscalização para controlar os preços e melhorar a qualidade dos serviços prestados à população.

"Muitos comerciantes estão a aproveitar-se desta fase para o lucro fácil. A população deve estar vigilante com a especulação dos preços dos bens de primeira necessidade e denunciar os possíveis infractores", alertou.

No princípio da semana passada, o NJOnline fez uma ronda pelos armazéns do Golf II, Cazenga, Viana e Congolenses, a fim de perceber em que medida os produtos que compõem a cesta básica registaram, nas últimas duas semanas, aumento de preços.

Embora alguns comerciantes tenham desvalorizado a subida dos preços, afirmando que já é hábito, nesta época do ano, as coisas subirem em Luanda, outros houve que alertaram para a cada vez maior dificuldade de as famílias adquirirem os produtos da cesta básica no final do mês, face aos baixos salários.

Saddy Mustafá, gerente de uma panificadora, no Cazenga, alertou para a subida do preço do pão nos próximos dias - o saco de 50 kg estava a ser comercializado a 8.500 e está agora a ser vendido a 11.100 kwanzas -, caso as autoridades competentes não travem esta onda do aumento dos preços.

"Parece que não há trigo em Angola, as coisas estão a subir dia após dia, então o preço do pão vai mesmo aumentar daqui a pouco", disse o comerciante.

Também o saco de arroz de 25 kg aumentou, sendo agora comercializado a 6.000 kwanzas, quando antes custava 5.300 kz.

O saco de feijão de 25 kg, que era vendido a 12.200 kz, agora custa 12.500, assim como a caixa de massa de alimentar, cujos preços variavam entre os 2.200 e 2.400 kz, estando agora a ser comercializados entre os 2.600 e os 2.800 kz.

A caixa de óleo vegetal de 12 litros sofreu uma subida de preço de mais de 150%, de 2.400 para 6.000 kz.

Também nos frescos houve subida de preços, com a caixa do peixe choupa de 10 kg, que antes custava 5.000, agora a ser vendida a 8.950 kwanzas.

Já a caixa de peixe corvina de 10 kg passou de 11.000 para 13.200 kz, enquanto a caixa de peixe makayabu (bacalhau seco) de 10 kg subiu 1.600 kwanzas, ou seja, passou de 24.000 a 25.600 kwanzas.

A caixa de carapau de 20 kg passou de 22.000 para 25.500 kz, a de 30 kg de 26.000 para 28.900 kz.

A caixa de coxa de frango de 10 kg passou de 5.200 a 7.850 e a de 15 kg passou de 8.000 para 10.500 kwanzas.

A caixa de Asa de frango e de entrecosto de 10 kg subiu 1.000 kz, ou seja, a de asas de Frango saiu dos 9.000 para os 10.000 kz, enquanto a de entrecosto subiu dos 9.500 para 10.500 kwanzas.

Zeca Mentes, cliente, disse ao NJOnline que se o Governo não travar esta especulação com urgência, o sofrimento das famílias, em Luanda e no País, vai aumentar.

"Enquanto permanecerem os baixos salários, a população vai sofrer, vamos voltar a viver como se ainda estivéssemos no início da crise económica", disse Adão Domingos, também comerciante. NJ

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