Quarta, 01 de Mai de 2024
Follow Us

Sexta, 15 Julho 2016 05:09

Relatório prevê dificuldades para a economia angolana até 2020 - CEIC

As projecções para 2020 inseridas no Relatório Económico de Angola referente ao ano de 2015, publicado pelo Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC), da Universidade Católica de Angola (UCAN), não apontam para a melhoria das condições de vida.

Na pré-publicação do relatório anual feita esta sexta-feira pelo semanário Expansão, o CEIC, coordenado pelo professor universitário e economista angolano Alves da Rocha (na foto), afirma, no seu cenário de médio prazo, as "as incertezas que pairam sobre a economia angolana são várias e algumas delas transformar-se-ão em riscos e certezas".

A sustentar esta antevisão do que vai ser o cenário económico em Angola nos próximos quatro anos, o texto da autoria do CEIC adverte, no entanto, que "compete à política económica encontrar medidas e os processos de transformação que reduzam as incertezas e mitiguem os riscos".

Cenário A

Distribuindo a sua visão para 2020 por dois cenários, o CEIC aponta, no cenário A, que a manutenção da quantidade de petróleo produzida "conduz a uma taxa de variação anual de zero por cento", e, consequentemente, uma redução da participação da economia petrolífera no Produto Interno Bruto (PIB).

Este cenário sustenta que o esforço realizado vai recair sobre a economia não petrolífera, apesar do seu "desempenho muito irregular", tendo registado uma cifra de apenas 1, 3 por cento em 2015, consolidando a ideia de que caberá à agricultura e à indústria "o maior esforço para se obter, em 2020, um ritmo de variação de 7, 7 por cento".

Apesar menos favorável, o CEIC da UCAN considera este o cenário mais realista, "face aos ajustamento introduzidos nas dinâmicas de crescimento mundial".

Neste cenário, num quadro criado pelo centro de estudos, a produção petrolífera estagna nos 675, 250 milhões de barris entre 2016 e 2020, mas com o preço a subir gradualmente dos 49 dólares este ano até aos 58 em 2020, o que conduz a uma taxa de crescimento do PIB de 3,0 por cento em 2016, 3,8 em 2017, 3,0 no ano seguinte e 4,7 para 2019 e 5,3 para 2020, ficando o PIB não petrolífero com as subidas mais expressivas neste período de tempo, de 2, 3 por cento este ano até aos 7, 7 em 2020.

Cenário B

No cenário B, aponta o texto do CEIC publicado no semanário Expansão, alteram-se as quantidades de petróleo produzido, criando mais espaço para "a afirmação da economia não petrolífera".

O texto do CEIC observa a particularidade de a variação do PIB por habitante: "Em 2015 ocorreu uma diminuição do PIB em dólares corrente de 21, 1 por cento", o que, "conjugado com a correcção do quantitativo da população pelo Censo de 2014, implicou uma redução do seu valor de 23, 2 por cento".

Diz ainda o CEIC que "esta tendência é para manter até 2020, donde se espera uma deterioração das condições de vida, não apenas por este viés, como pelo canal da desigual repartição do rendimento nacional".

Em comparação com o quadro do cenário A, neste, o PIB parte de 3,0 por cento este ano e chega aos 6,0 em 2020, mais 0,7 por cento, sendo ainda de sublinhar que, ainda recorrendo ao cenário A como comparação, o PIB não petrolífero chega aos 9,4 por cento em 2020, mais 1, 7 por cento.

Crescimento estrutural desacelera

Nesta antecipação feita pelo Expansão, o CEIC é claro ao afirmar que o ano de 2015 marcou uma "ruptura com os anos mais recentes da economia nacional", com uma degradação do nível de vida da população desde 2013.

Isto não ocorre "apenas devido à diminuição do rendimento nacional, como à retoma da inflação a dois dígitos", admitindo, apesar de não se poder recorrer a estatísticas, o CEIC que "o índice de pobreza seguramente aumentou".

"A economia nacional está envolta por muitas fraquezas e desequilíbrios estruturais", nota o relatório, apontando como ilustração mais clara para isso mesmo, o facto de, depois da "tempestade petrolífera" de 2008/9, que atirou o barril de petróleo para os 45 dólares e da sua recuperação quase imediata em 2010 para números anteriores, na casa do 11 dólares, "Angola nunca mais atingiu os padrões de crescimento do PIB registados até 2008, que foi de 11, 2 nesse ano.

O CEIC diz que se verifica uma "desaceleração estrutural do crescimento económico do país, que poderia ter sido contrariada com a diversificação das exportações e a criação de uma massa crítica nacional endógena".

Sublinha, todavia, que podem ser "reconhecidos alguns avanços na redução da pobreza, o que é facto é que foram marginais e não sustentáveis e agora fortemente abalados pela crise do preço do petróleo".

A antecipação do Relatório de 2015 do CEIC/UCAN feita pelo Expansão avança ainda por outras vertentes, lembrando, por exemplo, que o petróleo rendeu 300 mil milhões USD de 2002 a 2015 e a diminuição do potencial de crescimento do país.

NJ

 

Rate this item
(0 votes)