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Segunda, 17 Julho 2023 14:37

Nigéria, Angola e Egipto têm as moedas africanas com pior desempenho face ao dólar

As maiores economias do continente têm problemas estruturais difíceis de resolver que empurram as suas economias para baixo. Por arrasto vão as suas moedas nacionais. Falta de competitividade, exposição alta a importações e interferências políticas pressionam moedas africanas.

As moedas africanas continuam a perder terreno em relação ao dólar americano, o que impulsiona ainda mais a inflação, uma vez que há uma grande dependência de importações no continente e os preços das importações aumentam. As duas maiores economias africanas, Nigéria e Egipto, e também Angola são as que têm as moedas com o pior desempenho face ao dólar desde o início do ano, de acordo com os cálculos do Expansão.

Na base estão as incertezas dos mercados globais, os aumentos das taxas de juros na Europa e nos Estados Unidos, bem como as reformas levantadas pelos governos de alguns países africanos e o facto de terem anteriormente fortalecido artificialmente as suas moedas, como são os casos de Angola e da Nigéria.

A Nigéria, maior economia do continente com um PIB avaliado em 477,4 mil milhões USD, tem a moeda com o pior desempenho. A naira (moeda oficial da Nigéria) depreciou 39,23% desde o início do ano. A naira também é a moeda que mais depreciou no espaço de um ano (-48%). O valor do naira derrapou após um turbilhão de reformas monetárias do recém-empossado presidente Bola Tinubu visando a harmonização da rede de taxas de câmbio da Nigéria, que anunciou o fim do sistema de taxas de câmbio múltiplas do país, usado para manter artificialmente o naira forte. Como resultado, em Junho, o banco central da Nigéria suspendeu as restrições comerciais no mercado oficial, levando a naira a um nível baixo recorde.

Segue-se o Kwanza com uma depreciação de 38,7% face ao dólar, apresentando-se como segunda moeda africana que mais depreciou desde o início do ano. A taxa de câmbio média do dólar no Banco Nacional de Angola (BNA) passou de 503, 6 Kz no dia 02 de Janeiro para 823,7 Kz a 12 de Junho, o que representa uma depreciação de 38,7% da moeda nacional. Já o euro passou de 538,1 Kz para 913,2 Kz, uma depreciação de 41,1%.

A queda do kwanza deve-se, sobretudo, à ausência do Tesouro Nacional (o maior provedor de moeda estrangeira) da plataforma Bloomberg FXGO, sendo que as trocas de dólares por kwanzas actualmente estão a ser feitas apenas pelas petrolíferas que têm trocado a moeda norte-americana pelas propostas mais altas, o que a contribuir para a depreciação da moeda nacional. Como o que define a taxa de câmbio no País é o resultado das trocas cambias, o facto de a procura por dólares ser superior à oferta tem arrasado o Kwanza que foi em 2022 foi sobrevalorizado para potenciar importações mais baratas e baixar preços em ano eleitoral.

A fechar o pódio das moedas que mais caíram face ao dólar está o Egipto. A libra egípcia caiu 19,9 % desde o início do ano, numa altura em que a taxa de inflação anual atingiu um recorde de 36% em Junho. No Egipto, os investidores retiraram centenas de milhões em moeda estrangeira, fazendo com que as reservas em dólares do país caíssem para 20%. O Egipto é um dos cinco países do mundo com maior risco de incumprimento da sua dívida externa, segundo a agência de classificação Moody"s, e teve de contar com resgates de países do Golfo e do FMI nos últimos anos.

Ainda no ranking das maiores economias africanas que perderam face ao dólar encontra-se o Quénia, que viu a sua moeda a depreciar 12%, seguida do Gana onde o cedi perdeu 11,2% e da África do sul com o rand cair 8,6%. Essas moedas não só tombaram face ao dólar como também em relação ao euro (ver página 4).

Apenas duas das 10 maiores economias do continente viram as suas moedas ganharem face ao dólar, nomeadamente o dirham de Marrocos e o dinar da Argélia, valorizaram 6,5% e 1.6%, respectivamente. O dirham, além de ser a moeda africana que mais apreciou face ao dólar, também foi a mais que ganhou em relação ao euro (+ 3,5%). Expansão

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