Especialistas em Luanda divergem sobre a relevância ou ameaças desses empréstimos.
Enquanto alguns consideram que essa prática é péssima para o país e outros dizem nem tanto, há quem alega que as notícias sobre dívidas para com a China revelam apenas ciúmes do Ocidente para com o gigante asiático.
O professor universitário de Gestão Financeira Eduardo Nkosi diz ser normal um país contrair dívidas, que não é crime, mas alerta que o problema radica no que é feito com este dinheiro.
"As dívidas que Angola contraiu junto da China serviram para infraestruturas descartáveis, como os estádios 11 de Novembro e outros que hoje estão como estão, as estradas angolanas praticamente já não existem, uma boa parte desta dívida foi parar em contas privadas de dirigentes angolanos que levaram para enriquecer economias estrangeiras e empobreceram a economia angolana”, aponta Nkossi, par quem não se pode culpar os chineses pela dívida, porque “é o sistema governativo angolano, com o MPLA na base, que deve ser responsabilizado".
Para aquele docente universitário, enquanto permanecer “o mesmo ente no poder em Angola, esta dívida da China e outras não vão resolver o problema da população angolana”.
Outro economista, Américo Vaz, socorre-se da história para dizer que mais vale Angola dever à China e atribui essas notícias aos lobbies dos colossos ocidentais, “por ciúmes”.
"Os chineses são muito mais flexíveis nesta questão, essas dívidas podem ser perdoadas até 50 por cento, eu não vejo nenhum problema, nenhum receio de que isto venha
a ser usado pela China como uma arma de arremesso um dia contra Angola, não acredito", assegura Vaz.
Opinião diferente tem o presidente da Associação Industrial Angolana (AIA) para quem “o grande problema é que esta dívida não se reduz, nós continuamos a fazer projectos com a China, precisamos não continuar a manter esta dívida a um nível tão alto e não é bom para o país, não é bom para a nossa economia e não é bom para o empresariado nacional.
José Severino aponta que os chineses “não compram nada no nosso país, eles esquecem o equipamento nacional” e defende que o investimento da China “devia limitar-se apenas a áreas estratégicas, ficar nas barragens e linhas de transmissão de energias e mais nada, e não vir aqui comprar Kawasaki, e outras compras emergentes”.
O lider empresarial apela à diversificação das fontes de financiamento. VOA