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Sexta, 18 Julho 2014 14:53

Governador do Banco de Portugal quer esclarecimentos rápidos sobre situação do BES Angola

O governador do Banco de Portugal (BdP) Carlos Costa  O governador do Banco de Portugal (BdP) Carlos Costa

O governador do Banco de Portugal (BdP) quer que o Banco Espírito Santo (BES) esclareça o mais rapidamente possível a situação que vive a sua filial em Angola, ainda que não preveja um "impacto material" nas contas do banco português.

"O Banco de Portugal fez o que devia ter feito" e "não se envergonha", reafirmou esta sexta-feira na Assembleia da Repúbiica o governador do Banco de Portugal. Carlos Costa considera desejável que "o BES tenha uma nova estrutura accionista o mais depressa possível" e admite que o supervisor "é penalizado pelo que se passa no BES" e que "ninguém gosta de reconhecer que esteve a trabalhar com informação errada".

Na audição parlamentar, Carlos Costa frisou que o BdP não tem "pára-quedistas a saltar em cima dos bancos". "Se a contabilidade estiver errada, e o risco estiver lá, será dificil ao BdP detectar os problemas, pois trabalha na base da confiança de que os números que lhe são fornecidos são os correctos", explicou.

O governador voltou a garantir que, se tudo correr mal no GES – que tem uma exposição directa e indirecta de mais de quatro mil milhões ao banco –, "o BES não ficará insolvente e os clientes não perderão as suas poupanças". Carlos Costa explicou que o BdP impôs medidas adicionais de recapitalização e uma auditoria independente. "Esperamos que não haja surpresas materiais relevantes, mas sobretudo que os trabalhos permitam apurar os termos em que o BES estava a ser gerido”, afirmou.

O responsável deu como provável que se encontre uma solução privada para o BES, “que envolva fundos e bancos europeus (para assumirem uma posição de referência no BES)". Contudo, antes é preciso “reforçar a confiança dos potenciais investidores", defendeu.

A imprensa económica refere que Carlos Costa está em contacto com o grupo espanhol Santander para que este assuma o controlo do banco detido em 20% pela família Espírito Santo. Esta solução permitirá ao banco da família Botin passar a controlar cerca de 30% do sector bancário português. O governador lembrou que existe ainda uma folga de 6,4 mil milhões de euros na linha pública de recapitalização, caso o BES necessite.

Falando sobre a situação do Banco Espírito Santo Angola (BESA), controlado maioritariamente pelo BES, Carlos Costa reconheceu ter conhecimento de que existem "incertezas" em relação à filial angolana, mas lembrou que a garantia dada pelo Estado angolano "cobre uma parte substancial da carteira de crédito [em risco] e que existe uma forte interacção entre as autoridades de ambos os países".

Carlos Costa disse esperar que a situação do BESA "seja clarificada rapidamente e que não haja impacto negativo no BES". Estima-se que o buraco nas contas de Angola possa chegar a cinco mil milhões de euros. A garantia estatal angolana concedida ao BESA é de quatro mil milhões de euros, o que "garante a solvabilidade do BESA e, logo, assegura que o banco responderá perante os seus credores", acrescentou o supervisor.

Na quinta-feira, o governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano, admitiu existir um "problema" na carteira de crédito do BESA, perspectivando a necessidade de um reforço de capitais naquela instituição bancária.

Há um problema nesta altura identificado com a qualidade da carteira de crédito do Banco Espírito Santo [Angola]. Temos operações em situação irregular, operações de crédito malparado", disse o governado, na Assembleia Nacional.

José de Lima Massano foi questionado na quinta-feira pelos deputados da oposição sobre os relatos de um volume de crédito malparado naquele banco, controlado maioritariamente pelo Banco Espírito Santo português, que pode atingir os 5,7 milhões de dólares (4,1 milhões de euros) e que terá sido alvo de cobertura parcial por uma garantia soberana do Estado angolano.

Lusa

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