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Sábado, 12 Julho 2014 09:45

Solução para o BESA pode ser capital garantido pelo Estado angolano

Criar uma linha de capital contingente (CoCo"s) com garantia do Estado angolano pode ser solução para o BESA Criar uma linha de capital contingente (CoCo"s) com garantia do Estado angolano pode ser solução para o BESA

A resolução dos problemas do BES Angola pode passar por uma solução semelhante à que foi encontrada para capitalizar os bancos portugueses. Ou seja, Angola criar uma linha de capital contingente (CoCo"s) que permita ao BESA resolver os problemas de solvência.

Evitando-se assim a nacionalização e consequente diluição das participações dos restantes acionistas - BES (55,7%), Portmill (24%, general Kopelipa), Grupo Geni (18,99%, general Leopoldino do Nascimento) e Álvaro Sobrinho, ex-CEO do BESA (1,3%).

No mês passado, foi reconhecida uma perda potencial equivalente a 80% do crédito concedido pelo BESA. São 5,7 mil milhões de dólares, apesar de o Estado angolano ter emitido uma garantia de 5 mil milhões - cujos termos exatos não são conhecidos - que, se executada, permitirá tapar grande parte do buraco financeiro. A maioria desse financiamento veio do BES. Ou seja, o maior problema seria o BESA ficar insolvente.

As conversações têm sido no sentido de evitar uma intervenção tão profunda como uma nacionalização - que obrigaria os contribuintes angolanos a pagar e constituiria uma perda definitiva para o BES. Além disso, apesar do risco, estar em Angola é importante para o BES, quer política quer financeiramente. A ideia é nivelar as melhores práticas e dar auxílio ao sistema financeiro quando precisar. O que implicaria uma supervisão mais atenta, mas com intervenção limitada do Estado no banco, do ponto de vista da gestão.

É nessa solução que se estará a trabalhar para criar um modelo semelhante ao português - experiência que correu muito bem, com os CoCo"s a serem pagos antecipadamente -, permitindo evitar o contágio imediato de um default do BESA, sem perda do controlo e dando aos acionistas tempo para se reorganizarem. Só no fim do prazo negociado - que poderia ser de três ou quatro anos -, se não fosse tudo pago, Angola converteria a dívida em ações, ficando com o banco.

Converter o BESA num banco de fomento é uma hipótese mais remota. Angola poderia fazê-lo de raiz, contando até com o fundo soberano criado por José Eduardo dos Santos em 2008, com uma dotação de 5 mil milhões de dólares.

Quando houver solução para o BESA, resta um ponto: a KPMG, que auditou as contas nestes anos, terá de esclarecer o seu papel no descalabro do banco. Mas isso será numa fase posterior. "Primeiro trata-se dos feridos, depois enterra-se os mortos", diz fonte próxima do processo.

Dinheiro Vivo

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