Sexta, 21 de Novembro de 2025
Follow Us

Sexta, 21 Novembro 2025 15:14

UNITA acusa Governo angolano de acolher cimeiras internacionais para “esconder autoritarismo”

A UNITA, maior partido na oposição, questionou hoje os resultados objetivos das cimeiras internacionais na vida dos angolanos, acusando o governo de acolher esses eventos "para esconder os problemas do país, o autoritarismo e restrições das liberdades dos cidadãos".

Para o secretário-geral da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA,) Álvaro Chikwamanga Daniel, cimeiras internacionais, a exemplo 7.ª Cimeira União Africana -- União Europeia (UA-UE) agendada para a próxima semana em Luanda, têm algumas vantagens, sobretudo, no que diz respeito à imagem do Estado.

"[As cimeiras] permitem este intercâmbio de outros Estados com o nosso Estado. Há uma possibilidade de eles poderem estar em contacto direto com a nossa realidade política, económica e social. E, portanto, os Estados têm vantagens nisso", afirmou o político em declarações à Lusa.

No entanto, Álvaro Chikwamanga Daniel considerou que os "Estados autoritários" têm tido "esta oportunidade como uma forma de esconder aquilo que são os seus problemas reais, vão criando um conjunto de efemérides no país para passar a imagem de um Estado seguro, um Estado que cresce (...). É preciso olhar para o que vem por detrás disso", afirmou.

O secretário-geral da UNITA criticou também as "constantes interrupções da atividade laboral", sobretudo em Luanda, onde foi decretado tolerância de ponto para os dias 24 e 25 de novembro devido à Cimeira da União Africana (UA) com a União Europeia (UE), cenário similar registado na semana das celebrações dos 50 anos de independência do país.

Lamentou que as populações estejam a ser "marginalizadas pelas autoridades", com a realizações de eventos internacionais, exemplificando com a suspensão da atividade laboral na capital angolana, referindo que esta medida tem reflexos económicos negativos que não podem ser ignorados.

"As empresas, quando param um ou dois dias perdem dinheiro. O Estado quando pára um, dois, três dias perde tempo de realizar um conjunto de atividades, um conjunto de programas que tem de realizar para o bem das populações", notou.

"Mas, os autoritários não olham para isso. Para eles o mais importante é passar a imagem aparente de um Estado seguro. É ali onde está o contraste entre querer mostrar fora que estamos bem, mas aqui dentro nós estamos mal", criticou, lamentando a tolerância de ponto de 14 de novembro.

A cimeira, cujo lema é promover a paz e a prosperidade através de um multilateralismo eficaz, visa reforçar a cooperação entre os dois continentes e a relação estratégica África--Europa.

Chikwamanga defendeu ainda que os resultados das cimeiras que Angola acolhe "devem ser palpáveis" e não estar circunscritos nos documentos e resoluções, questionando os resultados e metas planos de desenvolvimento do continente africano.

"Que ganhos, por exemplo, nós fazemos em termos de desenvolvimento quando se falava, por exemplo, sobre a fome e pobreza zero para o continente africano? Essas cimeiras que estamos a realizar têm reflexos na nossa realidade concreta? O que vale uma conferência sobre o ambiente, por exemplo, quando andamos numa cidade extremamente poluída?", questionou.

Questionou também as "obras paliativas" feitas para albergar cimeiras internacionais, insistindo que estes encontros devem se refletir na vida socioeconómica das populações.

"Nesses encontros pode haver ações ou reflexos positivos, mas estes têm de ser mensuráveis, têm de ser visíveis. As pessoas têm de sentir que depois de uma cimeira que abordou um assunto que tem a ver com a pobreza nós beneficiamos e a pobreza de facto diminuiu. Se há reuniões que tratam dos direitos humanos e liberdades fundamentais e nós não melhoramos, para que valem as cimeiras? É ali onde está o paradoxo", concluiu o também deputado da UNITA.

Rate this item
(0 votes)