O comentador televisivo e social-democrata Luís Marques Mendes considera que “António Costa não só não sai derrotado”, depois de se ter envolvido no acordo no BPI que acabou por ruir, “como fez muito bem” em aprovar o decreto que permite a desblindagem dos estatutos das sociedades cotadas e nas Ofertas Públicas de Aquisição. Para Mendes, esta alteração de regras é de “uma violência enorme contra Isabel dos Santos” que vai ver a sua posição no BPI muito desvalorizada.
Com a posição que ela tem em Angola, evidentemente que Angola e ela própria não vão ficar satisfeitas”.
O social-democrata contou, no espaço de comentário no Jornal da Noite da SIC, que “há vários meses, ainda no tempo do anterior Governo, havia um plano a) para resolver o problema da desblindagem por via da lei, mas este Governo e este Presidente da República achavam que era melhor que as partes se entendessem”. Mas na semana passada, na reunião do Conselho de Ministros de quinta-feira, António Costa aprovou o que, no seu Governo, era um plano b) e desblindou os estatutos: Citando fonte do Governo, Mendes diz que “a aplicação deste decreto vai demorar meses, a desblindagem do acontece mesmo no final do ano”.
A demora, diz o comentador, provoca sempre “uma imagem de instabilidade”, mas “tem outro inconveniente para Isabel dos Santos: “A desblindagem vai demorar, mas vai ser feita e quando for feita a posição que ela tem hoje no no banco vai valer menos do que a que tinha”.
Quanto ao recuo no acordo, Mendes considerou “mau para toda a gente”, mas admitiu que a alternativa que agora vai acabar por resolver a questão. E disse que se Costa tivesse tentado o decreto antes do acordo “diriam que era um ato de hostilidade, assim tem a autoridade de quem tentou resolver a bem”.
Presidente do Portugal diz que “importa que seja realizado o interesse nacional”
Presidente avisa que dá prioridade a interesse nacional e imagem da banca portuguesa, quando tem em mãos para promulgar o decreto que está a ser visto como a alternativa ao acordo que falhou no BPI .
O Presidente da República falou este domingo no novo impasse no BPI para afirmar que “o que importa é que seja realizado o interesse nacional”, colocando como prioridade neste processo que seja “permanentemente garantida” a “estabilidade, o prestígio e o relacionamento do sistema financeiro com as instituições europeias”.
Marcelo Rebelo de Sousa esteve em Coimbra para as comemorações dos 47 anos da crise académica de 1969 e foi aí que falou do recuo no acordo CaixaBank/Santoro Fianance que pretendia resolver o problema de excesso de exposição do BPI (do qual os dois são acionistas) ao capital angolano. O Presidente registou que passada uma semana, “verifica-se que o acordo se encontra questionado. Naturalmente aquilo que o Presidente da República entende é que, do mesmo modo que, dentro do que estava ao seu alcance, tudo fez para que se criassem as condições para que houvesse um acordo firme e rápido, da mesma maneira está atento a prosseguir o interesse nacional”.
O Presidente tem em mãos, para promulgar, um decreto do Governo para a desblindagem de estatutos de sociedades, que está a ser vista como um plano b) para resolver o impasse no BPI. Marcelo não respondeu à pergunta sobre se tenciona promulgar o decreto aprovado pelo Executivo no último Conselho de Ministros.
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