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Sexta, 11 Dezembro 2015 17:43

Reeleição de Samakuva é boa notícia para Eduardo dos Santos - Investigador

O investigador do Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança (IPRIS) Paulo Gorjão considerou hoje que a reeleição do líder da UNITA é "uma boa notícia" para o Presidente de Angola porque a oposição será "mais do mesmo".

"A continuidade de uma liderança de 12 anos que manifestamente não conseguiu penetrar junto do eleitorado nem capitalizar essa insatisfação que existe não tem condições para obter resultados diferentes, até porque é mais do mesmo", disse Paulo Gorjão.

Em declarações à Lusa, o investigador no IPRIS disse que, assim, "o Presidente José Eduardo dos Santos recebeu uma excelente notícia caso decida concorrer novamente às eleições de 2017".

Questionado sobre a razão de a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) não capitalizar esse descontentamento, Paulo Gorjão respondeu que isso reside principalmente na "diferença de meios entre a UNITA e o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), que é óbvia e notória, até porque o MPLA tem os meios do Estado ao seu dispor, o que lhes torna tudo muito mais fácil".

Para Paulo Gorjão, outra das razões de a UNITA não conseguir traduzir em votos "o descontentamento que se sente na população" tem a ver com a perceção de falta de credibilidade.

"A população associa a UNITA a mais do mesmo, não lhes atribuem especial credibilidade, e por isso o voto acaba por ser relativamente residual, ninguém vê na UNITA uma alternativa credível e séria, e a prova disso é que grande parte dessa insatisfação, expressa simbolicamente pelo Luaty Beirão, não se canaliza nem para a CASA nem para a UNITA", concluiu Paulo Gorjão.

Num comentário publicado hoje pelo IPRIS, o académico afirmou que "sem que seja previsível a ascensão da UNITA ao poder, o partido do 'Galo Negro' vive fechado sobre si próprio, sem grande capacidade de atração de jovens quadros, e disso tira proveito Samakuva que, ao longo dos anos, teceu uma elaborada teia de cumplicidades e de lealdades".

Para Paulo Gorjão, "ironicamente, pode dizer-se que em sentido figurado a continuidade de Samakuva --- e o que ela representa em termos de ausência de alternativas e de renovação da UNITA --- é em parte um precioso seguro de vida para José Eduardo dos Santos".

Assim, concluiu, "ainda que Angola viva atualmente um ciclo económico adverso e muito difícil, com todas as implicações políticas e sociais que daí decorrem, a eventual reedição em 2017 do confronto eleitoral de 2012 --- entre José Eduardo dos Santos, Isaías Samakuva e Abel Chivukuvuku --- não terá, em circunstâncias normais, grande história para contar".

Lusa

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