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Quarta, 04 Novembro 2015 20:19

40 anos depois da independência continua a faltar uma «reconciliação verdadeira»

Os bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé assinalaram os 40 anos da independência angolana apelando a uma “reconciliação verdadeira” das populações.

Em declarações reproduzidas pela Rádio Vaticano, o bispo emérito do Uíge, D. Francisco de Mata Mourisca, lembrou a guerra civil que veio a seguir à independência de Angola, um conflito de “27 anos” que deixou “dolorosas feridas, sobretudo psicológicas, que não se curam num dia”.

Apesar do país viver atualmente um período de “13 anos de paz efetiva”, ainda subsistem muitas situações que desafiam a Igreja Católica angolana à missão.

Por exemplo no combate à corrupção, a todos os males da sociedade, os católicos onde estão? São coniventes destes males ou não?”, questionou o bispo do Dundo, D. Estanislau Chindekasse.

Para aquele responsável católico, o sentido da fé tem de passar não só pela procura da reconciliação nacional, mas também pela luta contra todo e qualquer tipo de injustiça ou desigualdade social.

Já o arcebispo emérito do Huambo, frisou a importância de todas as pessoas se unirem “como família angolana” e apostarem “na defesa da vida” num país com grande potencial mas que está cada vez mais “despovoado”.

“Unamo-nos todos, não aceitemos nenhuma intriga que nos divida para destruir o país”, apelou o prelado.

Para Dom Estanislau Marques Chindekasse, bispo da diocese do Dundo, a reconciliação faz parte da  fé, para além desta dimensão espiritual, a reconciliação deve igualmente passar pela eliminação dos principais males que afectam actualmente a sociedade angolana.

E para o arcebispo emérito do Huambo, Dom Francisco Viti, é necessário evitar as intrigas entre os angolanos, porque só assim será possível alcançar uma verdadeira reconciliação.

Esta etapa deve ser um momento de exame de consciência para cada angolano, realçou por sua vez o bispo emérito do Uíge, Dom Francisco de Mata Mourisca.

A CEAST sublinhou que 40 anos "é idade de maturidade", e tempo de reflexão e avaliação do percurso do país.

"E, em função disso, corrigir o que fizemos mal e potenciar o bem e, assim, olhar para o futuro com esperança. As alegrias/luzes são muitas e os desafios/sombras também", considerou a organização católica.

De acordo com o presidente da CEAST, a consolidação da paz, "após a dolorosa e odiosa guerra civil depois da independência", a reconciliação nacional, a implementação de uma verdadeira democracia, da justiça social em todos os setores - justiça judicial, economia, cultura, educação, saúde, justiça distributiva, devem tocar a todos os angolanos.

"Para que os frutos da independência nacional, conquistada com tanto sacrifício de muitos dos melhores filhos e filhas de Angola, cheguem a todos estes setores e a todos os angolanos sem exceção e não apenas a um reduzido número de angolanos que se consideram privilegiados", referiu.

Aquela estrutura da igreja católica angolana sublinhou que a reconstrução das infraestruturas físicas, como as estradas que ligam o país, "mas ainda não ligam os corações de todos os angolanos, ainda não anularam as assimetrias".

Ainda sobre os 40 anos de independência de Angola, a assinalar-se no próximo dia 11, a igreja reconhece que vem assumindo "um rosto cada vez mais angolano", com a criação de várias novas dioceses, com pastores angolanos, mais sacerdotes, religiosos e religiosas angolanos, novos seminários e novas comunidades de formação à vida consagrada.

"Apesar de vários obstáculos que teve de enfrentar, a igreja nunca baixou os braços no desempenho da sua vocação e missão na promoção da dignidade humana dos angolanos", frisou.

 

Nas celebrações dos 40 anos de independência, a CEAST associa-se com a realização de uma mesa redonda, uma conferência internacional e uma mensagem pastoral.

 

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