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Quarta, 03 Agosto 2016 16:43

Militares acusados de destruição de centenas de casas de forma ilegal no Zango III

Militares entraram no Zango III e expulsaram as pessoas para que a seguir pudessem demolir centenas de habitações de construção definitiva. Os moradores falam em cerca de 700 casas destruídas sem razão conhecida. As casas estavam dentro da lei e com autorização da administração municipal. Os moradores vieram hoje a Luanda exprimir a sua indignação em frente ao Governo Provincial.

Dezenas de moradores do Zango III, em Viana, concentraram-se hoje junto ao Governo Provincial de Luanda, em protesto pela destruição das suas casas, acusando militares das Forças Armadas angolanas de terem sido os autores das demolições.

Durante o protesto, vários moradores acusam os militares de terem invadido o bairro, no passado fim-de-semana, armados, fazendo disparos para o ar, por forma a afastar as pessoas para depois entrarem as máquinas que destruíram as suas habitações.

Os moradores apontam para cerca de 700 casas demolidas. Todas as habitações eram de construção definitiva, erguidas no sistema de obra dirigida.

No entanto, fonte da Zona Económica Exclusiva de Viana explicou que havia uma intenção de demolir algumas casas que estavam localizadas fora do terreno de construção autorizada. Mas o que aconteceu foi que acabaram todas no chão. A maior parte estava legal.

Segundo Cardoso Filipe, um dos moradores que viu a sua casa destruída, a Administração de Viana e o Governo Provincial de Luanda estão inocentes porque quem está a comandar aquela operação são oficiais militares e da Polícia Militar.

Os moradores decidiram realizar uma manifestação, hoje, em frente ao Governo Provincial de Luanda para pedir ajuda no sentido que parar as demolições.

Aproveitando a madrugada, contaram os moradores, as Forças Armadas Angolanas e a Polícia Militar obrigaram as pessoas a abandonarem as suas casas, como foi o caso de Manuel António e a sua família, de forma a facilitar a destruição das casas com os seus haveres lá dentro.

"Eles disseram que se eu voltasse para tirar alguma coisa, a casa seria demolida sobre mim", acusou Manuel António.

Tal como os outros moradores, Auria Quiluanje contou que não recebeu nenhuma notificação por parte da administração ou de qualquer instituição para abandonar a residência.

A moradora, Juliana Domingos, viu-se obrigada a dormir na rua depois da demolição da sua residência. A mesma acrescentou que quando os militares chegaram fizeram vários tiros e ameaças de morte aos moradores que se recusavam a abandonar as casas.

"Eles demoliram a casa com as mobílias, nem eu nem os meus filhos trocamos de roupa porque tudo ficou debaixo das pedras, não sei quando vai terminar este sofrimento", lamentou a moradora que vivia no local há quatro anos.

Estes moradores alegam que tiveram, após pagamento, uma aprovação da administração local para a construção das residências.

"Nós estamos legais naquelas casas, os militares acham que o terreno é deles, ou de um deles, então que procure se entender com a administração. Não é correcto, depois de construirmos as nossas casas com tanto esforço, aparecerem assim do nada e destruírem tudo. Isso não faz sentido", defendem.

Os jornalistas que se deslocaram ao Zango III, para presenciar o resultado das demolições, foram impedidos de fazer o seu trabalho. 

NJ

 

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