De acordo com as declarações ao Rede Angola de um dos organizadores da manifestação pacífica, António Caquienge “General Duck”, os activistas foram detidos antes mesmo de chegarem ao Largo 4 de Fevereiro, por volta das 15h30.
“Fomos detidos antes do largo e ficamos no comando municipal da polícia até quase às 18h”, disse e informou que com isso, a vigília acabou por não acontecer: “Geralmente eles têm tendência de deter os cabeças, os mais visados para desarticular as manifestações”.
O objectivo da vigília era pedir que o dia 4 de Janeiro fosse considerado feriado. Neste dia, em 1961, houve uma revolta em Malanje e na Baixa de Cassanje onde os portugueses massacraram vários angolanos que reivindicavam melhores condições de trabalho. A data deixou de ser feriado no país em 2011, até então era considerado o Dia dos Mártires da Repressão Colonial.
De acordo com o activista, esta é a terceira manifestação pacífica organizada pelo grupo e a segunda a ser repelida por agentes da Polícia Nacional em Malanje.
“A primeira foi no dia 5 de Janeiro de 2015, fazíamos a mesma reivindicação. Foi a única em que não fomos reprimidos”, diz e lamenta que a mesma sorte não tiveram nas duas outras tentativas, sendo, inclusive, julgados pelo crime de desacato à autoridade:
“Na segunda, no dia 14 de Março, solicitamos liberdade de trabalho para as zungueiras e os motoqueiros e melhor assistência médica e medicamentosa nos hospitais. Neste dia, 5 activistas foram detidos e no dia seguinte outros três também foram presos. Chegamos a ser julgados pelos crimes de desacato a autoridade, mas ganhamos a causa e nos meteram em liberdade”, recorda António Caquienge.
Mesmo impedidos de se manifestar, o grupo diz que não pretende parar. Segundo o jovem, “há muitas coisa além do feriado para se reivindicar”.
“A província de Malanje é um vazio. Falta tudo, não tem nada. Não há emprego, não há vagas nas faculdades e nos institutos superiores, e nos hospitais não tem medicamento. Na periferia é pior, nem rede telefónica existe. Na minha comuna do Cuale, no município de Calandula, para entrar na aldeia do Mneaia Nzambi, nem carro vai”, reclama.
E conclui: “Apesar das ameaças, detenções, não vamos ficar por aqui, vamos continuar a trabalhar nas mobilizações para termos massa popular e continuarmos as nossas actividades”, finaliza o activista conhecido por General Duck.
RA