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Terça, 05 Janeiro 2016 08:43

Tentativa de manifestação pacífica em Malanje acaba com três detidos

A vigília programada pela União de Activistas das 18 Províncias para decorrer ontem em Malanje, acabou com três detidos, que já foram, entretanto, libertados.

De acordo com as declarações ao Rede Angola de um dos organizadores da manifestação pacífica, António Caquienge “General Duck”, os activistas foram detidos antes mesmo de chegarem ao Largo 4 de Fevereiro, por volta das 15h30.

“Fomos detidos antes do largo e ficamos no comando municipal da polícia até quase às 18h”, disse e informou que com isso, a vigília acabou por não acontecer: “Geralmente eles têm tendência de deter os cabeças, os mais visados para desarticular as manifestações”.

O objectivo da vigília era pedir que o dia 4 de Janeiro fosse considerado feriado. Neste dia, em 1961, houve uma revolta em Malanje e na Baixa de Cassanje onde os portugueses massacraram vários angolanos que reivindicavam melhores condições de trabalho. A data deixou de ser feriado no país em 2011, até então era considerado o Dia dos Mártires da Repressão Colonial.

De acordo com o activista, esta é a terceira manifestação pacífica organizada pelo grupo e a segunda a ser repelida por agentes da Polícia Nacional em Malanje.

“A primeira foi no dia 5 de Janeiro de 2015, fazíamos a mesma reivindicação. Foi a única em que não fomos reprimidos”, diz e lamenta que a mesma sorte não tiveram nas duas outras tentativas, sendo, inclusive, julgados pelo crime de desacato à autoridade:

“Na segunda, no dia 14 de Março, solicitamos liberdade de trabalho para as zungueiras e os motoqueiros e melhor assistência médica e medicamentosa nos hospitais. Neste dia, 5 activistas foram detidos e no dia seguinte outros três também foram presos. Chegamos a ser julgados pelos crimes de desacato a autoridade, mas ganhamos a causa e nos meteram em liberdade”, recorda António Caquienge.

Mesmo impedidos de se manifestar, o grupo diz que não pretende parar. Segundo o jovem, “há muitas coisa além do feriado para se reivindicar”.

“A província de Malanje é um vazio. Falta tudo, não tem nada. Não há emprego, não há vagas nas faculdades e nos institutos superiores, e nos hospitais não tem medicamento. Na periferia é pior, nem rede telefónica existe. Na minha comuna do Cuale, no município de Calandula, para entrar na aldeia do Mneaia Nzambi, nem carro vai”, reclama.

E conclui: “Apesar das ameaças, detenções, não vamos ficar por aqui, vamos continuar a trabalhar nas mobilizações para termos massa popular e continuarmos as nossas actividades”, finaliza o activista conhecido por General Duck.

RA

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