"Dos 100% que devíamos receber, 25% recebemos e 75% iam para Angola, sem nosso conhecimento. A Alemanha cumpriu o prometido e o Governo angolano tinha de fazer chegar esses valores aos ex-trabalhadores, mas nunca aconteceu", disse à Lusa Fausto Cumbico, um dos organizadores do protesto.
"Senhor presidente, 24 anos. Basta. Queremos uma solução definitiva", podia ler-se nas camisolas que os 250 manifestantes da Associação Angogermany, a maioria a viver na Alemanha, envergavam durante a concentração frente ao Parlamento Europeu. Seguiram depois em marcha junto às outras instituições europeias, num protesto ruidoso com apitos e tambores, além de bandeiras e cartazes.
Na década de 1980, antes da queda do muro de Berlim, a Alemanha de Leste fez sucessivos acordos com Angola em que aquela recebia trabalhadores angolanos em troca de dinheiro para Luanda, que os trabalhadores deveriam receber quando regressassem ao país.
É esse dinheiro que é reclamado pelos trabalhadores junto do Governo de José Eduardo dos Santos.
Segundo Fausto Cumbico, a associação estima que cada um dos mais de 1.600 trabalhadores tenha a receber 250 mil dólares (cerca de 225 mil euros), já com juros atualizados. O que pretendem agora é que o Estado Angolano converse com eles e cheguem a acordo sobre uma forma de os recompensar.
Além do dinheiro que nunca lhes chegou, os trabalhadores dizem que foram enganados quanto às perspetivas que tinham quando decidiram emigrar para a Alemanha, uma vez que foram convidados a ir receber formação mas quando chegaram à ex-RDA foram colocados a trabalhar em fábricas "como escravos modernos".
A Associação Angogermany - Associação dos Ex-Trabalhadores na Extinta RDA tem realizado vários protestos pela Europa, nomeadamente em Berlim.
Lusa