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Quinta, 28 Mai 2015 14:27

Agente da SIE perseguem activistas angolanos no Brasil

Dois jovens activistas angolanos, Manuel Nito Alves e Pedrowski Teca, que participam do XIV Colóquio Internacional de Direitos Humanos em São Paulo, Brasil, estão a ser perseguidos e monitorados pelos Serviços de Inteligência Externo de Angola, através do Consulado Geral de Angola naquele estado.

O SIE, por intermédio do seu agente secreto Filomeno Matias (na foto), contactou várias vezes, na ultima da hora, a ONG organizadora do colóquio, a Conectas, afim de permitir a participação do do mesmo elemento. Infelizmente os mais de 100 participantes do evento foram selecionados num processo rigoroso e antecipado, que culminou com o credenciamente dos escolhidos. Não tendo participado da seleção, o agente do SIE não foi permitido assistir o colóquio, sendo que não estava credenciado.

Pedrowski Teca e Manuel Nito Alves acreditam que a preocupação tardia do SIE em São Paulo, deveu-se pelo facto de terem sido apanhado desprevenidos com a notícia na mídia angolana, sobre a participação dos mesmos jovens, e também pelas informações constantes que os activistas foram divulgando acerca das suas intervenções sobre exposição de violações de direitos humanos em Angola.

Pela insistência do SIE, o agente secreto Filomeno Matias conseguiu apenas participação em um debate aberto ao público, que teve lugar ontem, quarta-feira, 27 de Maio, entre as 18h00 e 20 horas, sob o tema: EUA e tortura - de Guantánamo às prisões secretas da CIA.

Pela abertura do debate, o general angolano e líder da Fundação 27 de Maio, General Fragoso, também participou do evento e contribuiu, fazendo um lembrete histórico da data em Angola.

O agente secreto Filomeno Matias sentou-se na mesma fila, onde sentava o activista Pedrowski Teca.

No final do evento, o activista pressentiu que o indivíduo parecia ser angolano e o abordou.

O agente secreto revelou que é simplesmente um angolano radicado no Brasil, onde se formou em Comunicação Social, e trabalha em negócios próprios mas em área diferente.

Para sustentar a sua história profissional, Filomeno Matias afirmou que já tentou várias vezes trabalhar em Angola, inclusive na televisão pública, mas infelizmente foi vítima das injustiças selectivas do país.

Relatou também que está em processo de criar uma associação de angolanos radicados no Brasil, e que já não tencionam regressar ao país, mas não conseguiu revelar o nome proposto para a mesma associação.

O agente secreto mostrou-se conhecedor dos dois activistas e das actividades e intervenções que os mesmos já realizaram no colóquio.

Filomeno Matias não podia camuflar o seu nome, escrito num papel de identificação colado na tshirt pela organização, visto que para obter tal papel, a organização exige a apresentação de um documento de identidade.

O agente secreto fez perguntas do tipo: será que farão mais apresentações? Quando regressam à Angola? Etc.

Em nenhum momento, o agente secreto Filomeno Matias revelou que trabalha para o Estado Angolano.

Pedrowski Teca e Manuel Nito Alves investigaram o cidadão pá internet e descobriram que o mesmo é funcionário do Consulado Geral de Angola em São Paulo, Brasil, onde exerce a função de Assistente do Sector de Comunidades e Cultura.

De acordo a sua conta na rede social, Google Plus, Filomeno Matias vive em Osasco, na cidade de São Paulo, e estuda ou estudou na Fundação Instituto Tecnológico de Osasco.

O mesmo agente secreto também viveu em Curitiba, em Paraná, no Brasil.

Os jovens activistas cívicos defendem que não têm nada a esconder e as suas intervenções no colóquio apenas reflectem a realidade da República de Angola.

Pedrowski Teca e Manuel Nito Alves condenam o acto de infiltração e perseguição do agente do SIE e defendem que se o Consulado Angolano em São Paulo quisesse um encontro com os jovens, devia se identificar e fazer um convite para o efeito, afim de receberem qualquer esclarecimento que precisassem.

Os activistas defendem que um funcionário do Estado Angolano deve identificar-se devidamente ao apresentar-se aos cidadãos angolanos, porque a função do Estado, conforme afirmou Agostinho Neto: "é defender os interesses do povo", e não de partidos ou interesses obscuro de um grupo de governantes bandidos e meliantes.

FB

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