A situação da sinistralidade rodoviária em Angola esteve hoje em reflexão durante um encontro promovido pelo ministro do Interior de Angola, Manuel Homem, que juntou jornalistas e altas patentes da polícia para abordar a implementação do Programa de Prevenção Rodoviária (PPRO) "Estradas Sem Mortes".
Dados partilhados no encontro relevam que o país regista anualmente cerca de 3.120 mortes causadas por acidentes de viação, uma situação que "evidencia uma tendência persistente e alarmante, cujos efeitos negativos se refletem diretamente no desenvolvimento socioeconómico nacional".
Para as autoridades, que lançaram o PPRO, com duração de um ano subordinado ao lema "Mude Antes que Seja Tarde", a gravidade dos acidentes rodoviários indica que o país se encontra "perigosamente próximo de uma endemia de trânsito".
O programa, centrado em medidas policiais, tem como metas reduzir até 20% o número de acidentes com vítimas mortais e feridos, aumentar até 70% a fiscalização e penalização das infrações por inobservância ao Código de Estrada e intensificar até 84% a fiscalização de acidentes em aéreas urbanas.
Fatores humanos, como excesso de velocidade, responsável por com 41% dos acidentes por colisão, condução sob influência de álcool, com 9% de incidência, uso irregular do telemóvel, com 7% de infrações, circulação de moto taxistas sem capacete e em sentido contrário e a travessia inadequada de peões estão entre as principais causas.
As autoridades assumem igualmente que o mau estado técnico de veículos, com 12% de infrações, o estado das vias e a ausência e deficiente sinalização vertical e horizontal constituem fatores técnicos que propiciam os sinistros rodoviários.
"Os acidentes rodoviários apesar de afetarem a economia, inviabilizam o desenvolvimento social de várias famílias, as atuais taxas (de sinistralidade) preocupa-nos enquanto Ministério do Interior, preocupa-nos enquanto sociedade e esta abordagem que fizemos aqui hoje com a imprensa será retomada com vários outros atores da nossa sociedade", afirmou o ministro Manuel Homem.
Assegurou que o PPRO será alargado às escolas, "no reforço à educação e cidadania para a prevenção da sinistralidade rodoviária", e a outros núcleos da sociedade "que identificamos como importantes para pudermos ultrapassar a realidade atual que não é nada agradável", notou.
Questionado sobre a degradação de algumas estradas e a fraca iluminação pública nas vias, o governante frisou que o Programa de Prevenção Rodoviária "Estradas Sem Mortes" é transversal e deve contar com a participação de outros departamentos ministeriais.
O ministro indicou que 70% dos acidentes tem origem na negligência humana, mas admitiu "outros constrangimentos"relacionados com as condições das estradas.
"O estamos a fazer é mapearmos os pontos críticos dos acidentes nas estradas, vamos trabalhar com os atores, com os governos provinciais, com as administrações municipais no sentido de, onde for possível, darmos o tratamento necessário", assegurou o ministro angolano.
O comandante geral da Polícia Nacional de Angola, Francisco Ribas, assegurou, por sua vez, um trabalho coordenado entre todos os órgãos da corporação para a concretização do PPRO, garantindo ainda reforço da fiscalização rodoviária e dos agentes reguladores de trânsito.
Aumentar até 40% a utilização de tecnologias como radares móveis/fixos, alcoolímetros e balanças e videovigilância para a fiscalização e coleta de dados, bem como capacitar com ações técnico-profissionais e de moralização 100% do efetivo de trânsito e ordem pública envolvido na operação são outras das metas do programa.