Em Angola, onde não há saneamento básico, água canalizada, luz e telefone em muitos bairros da capital Luanda, somos levados a crer pelos jornalistas dos órgãos públicos que tudo está muito bem e a economia está crescendo! A imprensa estatal está sempre a tratar das viagens do general João Lourenço, difícil é saber se ele está no país. Mas se alguém pensa que está essa mídia a fazer devidamente seu trabalho, esse alguém incorre em ledo engano! Agora é o jornalismo da CNN que irá louvar as grandes realizações da política nacional.
O general João Lourenço terá feito um contrato milionário com a CNN, canal americano de notícias, que irá vender a imagem de Angola como o “paraíso de Kianda”. Há uma sátira da CNN em Angola que circula grupos de aplicativos de mensagens e grupos em redes sociais que apresenta Angola na CNN. Ao som do hino do MLA, um narra Angola que está a enriquecer, que respeita os Direitos Humanos e carece de desigualdade social e marimbondagem, porém as imagens apresentam cenas tristes da realidade angolana. Essa não é a primeira vez que JLo recorre a mais um “rouxinol do imperador”, antes contrato semelhante foi feito com a Euronews.
Mas não há nenhum “paraíso de Kianda” e sim um país atolado numa crise económica, governativa, moral e social que parece não ter fim. O povo de Angola vive em condições deploráveis. Se um dia foi dito que tudo “seria resolvido quando Jonas Savimbi fosse morto”, parece que ressuscitá-lo por meio de uma fundação tampouco vai ajudar.
Em vez de investir em propaganda cara e absurda, JLo deveria informar-se sobre os problemas e necessidades do povo de Angola, deveria ele focar-se em melhorar a vida da gente angolana. As instituições educacionais precisam formar jornalistas e profissionais de comunicação social pública, o governo precisa garantir que em Angola funciona uma imprensa verdadeiramente livre (que respeita a ética e deontologia jornalística, dando espaço aos partidos da oposição, que actualmente são considerados inimigos públicos, à margem da Constituição da República de Angola). Angola só será desenvolvida e livre quando foram implementadas políticas públicas eficazes, combatida a corrupção e melhoradas as condições económicas e sociais dos angolanos.
