Quarta, 24 de Julho de 2024
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Domingo, 21 Julho 2024 14:31

“Agendadores”, nova profissão em Luanda ajuda a resolver dificuldades com vistos para Portugal

Agências de viagens e particulares apontaram os agendamentos como a principal dificuldade para quem quer solicitar um visto para entrar em Portugal, situação que deu origem a uma nova “profissão” em Luanda: “os agendadores”.

Nas vésperas da visita do primeiro-ministro, Luís Montenegro, a Angola, que deve incluir uma passagem pelo futuro Consulado de Benguela, a Lusa fez uma ronda pelas agências e pelo centro de vistos em Luanda para saber quais as preocupações dos angolanos, que cada vez em maior número procuram ir para Portugal.

O problemas dos agendamentos, primeiro passo para quem queira solicitar ao consulado a emissão de um visto, foi o mais referido.

Em declarações à agência Lusa, João Nimi, administrador adjunto da agência de viagens Lumafer, referiu que o sistema de agendamentos da VFS, empresa contratada para o processo, é a maior dificuldade, porque devia abrir uma vez por semana, mas não tem acontecido, causando bastante constrangimento.

João Nimi sublinhou que, devido a esta situação, a agência tem evitado a receção de pedidos de vistos, numa média semanal de 15, admitindo que há “muita gente a querer emigrar”, o que justifica os atrasos que, às vezes, se verificam na tramitação do processo.

No que se refere à aceitação e concessão de vistos, João Nimi disse que, mesmo com a recente alteração na aplicação da lei portuguesa para estrangeiros, “os processos têm entrado de forma normal”, salientando que a embaixada tem concedido vistos com facilidade, desde que sejam cumpridos na íntegra os requisitos, sendo a falta de comprovação de meios de subsistência um dos motivos de recusa.

“Os vistos CPLP [Comunidade de Países de Língua Portuguesa] continuam a sair, os vistos de procura de trabalho – que são os que neste momento têm mais procura – continuam a sair com bastante facilidade”, destacou.

Segundo João Nimi, a dificuldade em agendar através do site da VFS gerou uma nova forma de subsistência em Luanda. São “miúdos de 15, 16 anos que ficam a controlar o sistema durante o dia todo até abrir”, a quem deu o nome de “agendadores”.

“Porque não tem dia, hora exata, para abrir, é a estas equipas que estamos a recorrer para conseguirmos agendamentos”, explicou João Nimi, salientando que, devido à dificuldade, os preços vão aumentando para quem quer agendar vaga.

“Se o site fica duas, três semanas, sem abrir é motivo suficiente para aumentar mais 30 ou 40 mil kwanzas (42,2 euros). O ano passado, por esta altura, cobrávamos 60 mil kwanzas (63,3 euros), no máximo 80 mil kwanzas (84,4 euros). Nesta altura os agendamentos estão a custar acima de 150 mil kwanzas (158,3 euros), há quem cobre 250 mil kwanzas (263,9 euros) para ser prioridade”, frisou.

O consulado de Luanda também autoriza agendamentos por e-mail, mas “há dificuldades nas respostas”, declarou o responsável, sugerindo que se adote a mesma política criada para Cabo Verde, com a abertura diária do site para agendamentos.

Tatiana de Sousa, da agência de viagens Wayami – Vistos & Expresso, referiu que o trabalho tem sido condicionado “porque tudo requer agendamento”, o que tem resultado em prejuízo para a empresa, que receia até a falência.

“Nós estamos a ter redução, porque tudo parte do agendamento, estamos a ter pouca adesão, porque não podemos avançar o processo sem ter o agendamento, agora está mesmo muito difícil para manter a agência, podemos ir mesmo para a falência”, disse.

Para ultrapassar a dificuldade, a agência criou uma equipa responsável por controlar o portal diariamente, já que este abre “sem dia e sem hora”, apenas quatro vezes ao mês.

“Anteriormente, quando ficava o dia todo aberto, ainda conseguíamos fazer quatro a sete [agendamentos], agora se fizermos um é muito vantajoso”, disse Tatiana de Sousa, frisando que essa dificuldade tem dado lugar a “muitas burlas”.

Por sua vez, a estudante, de 25 anos, Carla Moniz, que vai solicitar, pela primeira vez, o visto CPLP, reclamou da burocracia para tratar dos documentos necessários para dar entrada do visto, quando tentou por si tratar do processo.

De acordo com a estudante, licenciada no país em ciências da computação e que pretende fazer o mestrado em Portugal, teve de recorrer a um agente, ao qual pagou 290 mil kwanzas (306,1 euros), dos quais 90 mil kwanzas (95 euros) para o agendamento, conseguindo tornar assim o processo mais rápido.

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