Num convite à imprensa para a cobertura do ato no domingo, a direção da IURD sublinhou que a associação religiosa é liderada pelo presbítero-geral, bispo Alberto Segunda, representado no ato pelo bispo António Miguel Ferraz, na qualidade de presidente do Conselho de Direção.
De acordo com o documento enviado à Lusa, a 31 de agosto de 2023 “o Estado angolano promoveu um acordo de conciliação para a liderança da Igreja Universal do Reino de Deus”, que permitiu “a resolução dos conflitos existentes na igreja, criando as bases para que todos pudessem unir-se num só espírito de paz, harmonia, respeito às deliberações do Estado e aos órgãos sociais da IURD”.
Em setembro do ano passado, as alas brasileira e angolana tinham anunciado uma "decisão conciliatória promovida pelo Estado Angolano", que reconhecia Alberto Segunda como líder da organização, que passaria a chamar-se Igreja do Reino de Deus em Angola (IRDA).
“Nesta ordem de ideia, e, em cumprimento do Acordo Conciliatório, essa Assembleia-Geral Extraordinária Universal, assinala o início de uma nova era, com vista à eleição dos candidatos para o cargo de presbítero geral e dos órgãos sociais da igreja”, destaca-se na nota.
A IURD em Angola mantém um conflito há vários anos, com uma liderança bicéfala dividida entre a ala reformista, dita angolana, chefiada por Valente Bizerra Luís, e a ala brasileira da seita fundada pelo brasileiro Edir Macedo, liderada atualmente pelo também angolano Alberto Segunda, que substituiu no cargo o brasileiro Honorilton Gonçalves, condenado pelos crimes de violência física e psicológica a três anos de pena suspensa.
Num outro comunicado de imprensa, assinado pelo presidente da assembleia-geral da IURD-Angola, o bispo Capinha Salvador Paulo Domingos, os dissidentes anunciam que “a IURD-Angola não convocou nenhuma assembleia-geral e não se vincula à dita assembleia-geral convocada por um dos bispos ligados ao bispo Alberto Segunda, em falsa qualidade, para ludibriar os fiéis e a sociedade, sem que para tal tenha sido mandatado pela direção da Igreja”.
A direção da IURD-Angola compromete-se “dentro do espírito de unidade e unificação aos irmãos que ainda continuam fiéis à liderança brasileira de Edir Macedo” e, seguindo na íntegra as orientações dos órgãos da administração do Estado angolano, “que tudo fazem para que a igreja continue una e indivisível”, continuar a fazer esforços para que este objetivo se alcance.
“A IURD-Angola mantém-se fiel aos princípios que levaram o movimento de reforma da IURD, que consiste em pôr termo à vasectomia, fogueiras santas e evasão de capitais para o Brasil. Mantêm-se fiéis a uma igreja exclusivamente angolana, que se submeta às leis e respeite a cultura nacional”, destaca-se no mesmo comunicado.
A parte angolana desta associação religiosa disse que tem acompanhado o anúncio da realização da assembleia-geral para a eleição de novos corpos gerentes da igreja, considerando que “esta informação não só não condiz com a verdade como constitui uma violação grave aos estatutos da igreja e resoluções saídas da assembleia-geral extraordinária de 13 de fevereiro de 2021 e da ordinária realizada em maio de 2023".
A liderança de Valente Bizerra apela ainda aos fiéis “a não aderirem a quaisquer movimentos que visam a divisão”.
“A direção da Igreja, no momento próprio, vai convocar uma assembleia-geral com vista a adotar o novo nome e a eleição de novos corpos sociais”, salienta-se no comunicado, afirmando fidelidade ao líder, o bispo Valente Bizerra Luís, “eleito pelo clero e reconhecido pelo Estado angolano, ou seja, o único interlocutor legítimo entre o Estado e a Igreja, para dirigir a instituição em Angola”.