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Segunda, 01 Mai 2023 13:47

Penúria no Zango de "lata" suportada com drogas e prostituição

Homens e mulheres, na idade jovem, residentes nos bairros formados por casas de chapas de zinco, no distrito urbano do Zango, têm sido forçados a mergulhar no mundo da prostituição e das drogas, a fim de amenizarem a vida sofrida, na comunidade, onde falta de tudo pouco.

“Seja bemvindo ao distrito urbano do Zango”, lêse as boas vindas da administração daquela circunscrição do município de Viana, numa pequena placa afixada logo à entrada do território.

Pelo caminho, o percurso é lindo. Edifícios residenciais e comerciais, árvores e passeios, ladeiam uma estrada sem muitos sobressaltos. A ideia de que se está por dentro de uma verdadeira urbanização é inequívoca.

No entanto, esta percepção começa a ser conspurcada por algumas ruas atoladas pelas chuvas precipitadas sobre a capital, nos últimos dias. O cenário é de charcos e de pessoas a arrojaremse em caminhos de pedras.

O trajecto continua, e, para trás, já ficaram os prédios do condomínio Vida Pacifica.

Um pouco mais à frente desse projecto habitacional, entre 500 metros e um quilómetro, depois, a impressão de um verdadeiro distrito urbano fica mais fragilizada, e, aos poucos, vai desvanecendo, com a aparição de casas de chapas a darem nas vistas dos transeuntes.

A estrada é longa, e, seguindoa, chega-se até à última paragem do Zango 3. À esquerda da faixa de rodagem está o Bairro Kitondo 1A, enquanto à direita está o Kitondo 1B. Ambos construídos de chapas de zinco. No primeiro lado, está um grupo de moradores na rua.

Prenúncio de chuva entristece moradores

Os seus rostos estão contritos. Há nuvens negras no céu. O código da mensagem é simples de desmistificar: é o prenúncio de chuva sobre a terra. O fenómeno natural constitui a causa do abatimento dos moradores, que conhecem bem os estragos provocados pelas quedas pluviométricas, na zona.

Todos estão ávidos para expressar a angústia que lhes vai na alma. A situação de vida desses moradores constitui um verdadeiro calvário, onde o peso da dura cruz é agudizada, quando as enxurradas caem. Nessas ocasiões, as pessoas são obrigadas a abandonar a casa, porque uma inundação está à vista.

"Aqui, quando chove, os povos procuram sítios para ficar, ou dormir, até que a chuva pare. Quando chove, aqui é um rio, ninguém sai. A água chega até aqui, onde está esse risco, apontou com o dedo indicador a um metro de altura de um casebre.

Os bens adquiridos perdem- se em cada época chuvosa. Londa António, de 39 anos, lamenta o facto de ter perdido arcas, televisores, e outros aparelhos electrodomésticos, além de roupas e calçados, por conta do caudal das águas pluviométricas.

Nas últimas chuvas, por exemplo, Londa foi despertado do sono, pela água, que o encontrou por cima da sua cama, de pelo menos 50 centímetros de altura.

Pela manhã, teve de calçar os ténis molhados, para seguir o seu percurso em cumprimento das actividades laborais.

"Quando chove, perdemos as nossas coisas. Desde calçados, televisores e arcas. Todo aparelho elétrico, quando atingido pela água, é complicado. Os recém nascidos, se a mãe e o pai estiverem fora, eles não conseguem livrar-se das águas, e é muito perigoso", avançou.

A situação das casas é comprometedora. Os casebres de chapas com pouca altura não oferecem dignidade para a vida humana. Um colchão e um fogão inoperante são as mobílias que adornam a maior parte das residências.

Por esta zona, as pessoas sobrevivem de pequenos negócios feitos, nos passeios que ladeiam a estrada. Normalmente, estes não passam de vendas de tomates, ou de outros produtos agrícolas, num pano estendido no chão, em substituição de uma bancada.

O rendimento, segundo os moradores, é baixo. Por isso, não serve para muita coisa, senão, para uma refeição, num dos períodos do dia. Jantar tem sido a preferência em detrimento do pequeno almoço e almoço.

Os pais são obrigados a levantar cedo e regressar tarde à noite, em busca de formas para o sustento dos seus agregados.

No bairro com apenas uma escola pública, a maior parte das crianças ficam fora do sistema de ensino, e, consequentemente, desocupadas e expostas aos perigos da rua, onde são deixadas pelos seus tutores. OPAIS

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