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Segunda, 30 Janeiro 2023 17:10

Ativista diz que Angola “não é um país democrático” e critica atuação da polícia

O ativista angolano Geraldo Dala disse hoje que Angola “infelizmente não é um país democrático” e que a polícia atua a “reboque das ordens superiores”, criticando as agressões a manifestantes que pretendiam “marchar pela liberdade”, no sábado em Luanda.

Um grupo de ativistas foi impedido pela polícia de realizar uma “marcha pela liberdade”, no sábado, em Luanda, tendo alguns sido detidos e agredidos, relatou hoje à Lusa o ativista Geraldo Dala, um dos organizadores da marcha, e que também esteve detido.

“Naquele dia foram detidas oito pessoas, inclusive eu, mas que depois foram soltos mais tarde. A única coisa que está em posse da polícia são os meios, como telefones, megafones, que eles se negam a devolver e dizem que só o fazem sob ordens superiores”, contou.

Em declarações à Lusa a partir da unidade policial do Bairro Operário, em Luanda, onde, ladeado de outros ativistas, foram tentar reaver os bens, Geraldo descreveu as “agressões” de que foram alvo no Largo das Heroínas, local da concentração.

“Sim, houve de facto violência policial, fomos levados à força nas viaturas policiais, alguns manos foram mesmo agredidos e torturados”, frisou.

“Exigir” justiça e “fim de perseguição” às 'zungueiras' (vendedoras ambulantes) e “liberdade já” dos "presos políticos” era o lema da marcha, que foi, no entanto, impedida por efetivos da corporação policial.

Os ativistas, que pretendiam marchar até ao Ministério da Justiça e Direitos Humanos, disseram, 24 horas antes, que haviam comunicado ao Governo da Província de Luanda a realização da marcha, em ofício datado de 19 de janeiro, e que aguardavam por resposta há uma semana.

Hoje, Geraldo Dala lamentou a atitude das autoridades, considerando: “Infelizmente, Angola não é um país democrático na prática”.

“Formalmente é democrática porque tem lei, mas essas leis não têm sido respeitadas nem pela polícia nem pelas autoridades administrativas”, salientou, recordando a repressão de manifestações anteriores em “atropelo à lei e à Constituição”.

“Neste país o que vale e manda não são as leis, mas as ordens de governadores e presidentes, são estes sim que mandam de forma arbitrária e entendemos, mais uma vez, que a polícia atua ao reboque das ordens superiores”, afirmou o ativista.

A Lusa contactou o porta-voz do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, mas não obteve qualquer resposta.

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