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Domingo, 27 Fevereiro 2022 21:11

Mais de 160 angolanos querem sair da Ucrânia

Mais de 160 angolanos na Ucrânia pediram, quinta feira (24), mais uma vez, ao Governo angolano que sejam retirados daquele país, “o mais rapidamente possível”, devido ao agravamento da situação de insegurança.

A informação foi avançada ontem, ao Jornal de Angola, pelo responsável pela comunidade angolana na Ucrânia, Manuel de Assunção, no dia em que a Rússia concretizou o ataque à Ucrânia.

Ao princípio da manhã de ontem, quando abordado por telefone pelo Jornal de Angola, para descrever a situação, depois das explosões registadas em algumas cidades ucranianas, Manuel de Assunção respondeu: "acordámos, hoje, com um clima tenso de explosões. Estamos em contacto com o embaixador de Angola na Rússia e com a secretária do Consulado angolano na Polónia, pelo que só mais tarde é que darei um sinal”.

O tempo de espera para a retomada da conversa com o Jornal de Angola serviu para Manuel de Assunção concluir o diálogo com o embaixador de Angola na Rússia, Augusto da Silva Cunha, que lhe recomendou para enviar o resultado de um levantamento do número exacto de angolanos na Ucrânia, para uma eventual intervenção do Governo angolano, visando a saída dos compatriotas da Ucrânia.

Manuel de Assunção afirma que o embaixador pediu para transmitir à comunidade angolana na Ucrânia o apelo para que "mantenha a calma”, porque o "Estado angolano está a par da situação”, tendo já admitido a possibilidade de "evacuar os angolanos para a Polónia, como lugar de refúgio”.

O diplomata angolano não avançou datas, segundo Manuel de Assunção, referindo apenas que a "evacuação está para breve”. Entre os mais de 160 angolanos que vivem na Ucrânia, estão 132 estudantes por conta própria e apenas três bolseiros às expensas do Estado angolano, informou.

Devido à perplexidade manifestada pelo jornalista, revelou que, em 2014, depois da anexação da península da Crimeia pela Rússia, "o pessoal diplomático angolano e os bolseiros controlados pelo Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo moveram-se da Ucrânia para a Rússia”.

Os três bolseiros adquiriram a bolsa de estudo no ano passado e estudam em universidades localizadas em Kiev, capital da Ucrânia, no âmbito do Programa de Envio Anual de 300 Licenciados ou Mestres com Elevado Desempenho e Mérito Académico para as Melhores Universidades do Mundo.

"Onde nos encontramos, até os próprios ucranianos não se sentem seguros”, descreveu Manuel de Assunção, que disse terem sido avisados para circularem com documentos, além de acessórios mais importantes, para estarem identificados, diante de qualquer situação.

Manuel de Assunção está em Dnipro, uma cidade do leste da Ucrânia, que acolhe cerca de 30 estudantes angolanos, considerada uma das "zonas de perigo”, por estar perto das cidades de Donetsk e Lugansk, ocupadas pelos separatistas ucranianos, desde 2014.

Manuel de Assunção declarou que os angolanos na Ucrânia "não estão abandonados” nem atirados à sua própria sorte, depois de ter dado ênfase ao facto de as embaixadas e os consulados de Angola na Rússia e na Polónia estarem a garantir "apoio moral” e a manter, a todo o momento, a comunidade angolana informada.

"Por não haver uma embaixada física de Angola na Ucrânia, somos atendidos pelas embaixadas na Rússia e na Polónia”, explicou o responsável pela comunidade, que acentuou terem sido registadas explosões, na madrugada de ontem, em Dnipro, Odessa e Mariupol, cidades que, como sublinhou, "sequer fazem fronteiras com a Rússia”.

A cidade de Kiev, a capital da Ucrânia, foi igualmente mencionada por Manuel de Assunção. "Também temos notícias de angolanos que, em Kiev, acordaram com explosões”, além de ter havido "um sinal de alerta vindo do aeroporto de Kiev Borispol”, o maior da Ucrânia.

Natural de Benguela e, actualmente, com 29 anos, o angolano Manuel de Assunção está na Ucrânia há sete anos, por conta própria, e prestes a concluir o curso de mestrado em Arquitectura.

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