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Terça, 16 Setembro 2014 13:18

‘Mamadou’ cortado no braço

Ao desfazerem-se da primeira casa, os delinquentes que faziam a vigilância da parte de fora, informaram que tinham descoberto outra loja, na residência a seguir a do recém-assaltado, pelo que se apressaram a informar ao chefe da caravana, tendo este ordenado a movimentação para o novo alvo, arrastando Joaquim da Cunha para facilitar o acesso para a nova empreitada.

Postos no recinto do oeste-africano, que responde pelo nome de Ibraim, os assaltantes voltaram a usar a mesma estratégia aplicada no primeiro assalto, que passava por ameaças de morte, caso não se desse dinheiro.

“Falaram-lhe para dar todo o dinheiro, ele ainda resistiu, o que fez os assaltantes se enervarem e partir uma garrafa da montra, cujos estilhaços usaram para lhe talharem numa parte do braço”. Reforçou, acrescentando que, só deste jeito, é que o maliano cedeu às exigências dos seus carrascos.

Embora se tenha recusado prestar depoimento algum à O PAÍS, Ibraim, encontrado na sua nova cantina deixou escapar que houve má interpretação dos assaltantes, devido ao seu fraco potencial em língua portuguesa.

O bando ganhou mais 750 mil Kwanzas, que juntaram aos 27 mil de uma vizinha, também assaltada, mais ao valor retirado de Joaquim, perfazendo, na hora, uma soma de um milhão 263 mil, contados aos olhos de suas vítimas.

Quando pensava ver a vida livre dos seus opressores, Joaquim da Cunha foi surpreendido com a insistência de um deles, que assegurou aos outros que o jovem não tinha dado todo o dinheiro. A reacção aumentou a desconfiança do lojista, que se certificou do facto de os meliantes terem vindo com lição e contas bem estudadas.

“Eles regressaram à minha casa e tive de lhes dar mais 45 mil, porque tinha uma arma apontada para mim”, recordou, tendo confessando que, nesse instante, estava a ver a vida por um fio.

Questionado se depois do incidente ele e seus vizinhos comunicaram o sucedido à Polícia local, Joaquim disse que a sua localidade não possuí sequer um posto policial móvel e, quando os moradores se atreviam a ir para a esquadra do Ramiro, os efectivos dessa instituição da ordem e tranquilidade públicas alegavam que não tem meio de transporte para fazer o trabalho de investigação.

“Por isso não nos preocupamos muito em ir fazer uma queixa na polícia,porque não ia adiantar mesmo nada”, desabafou o próprio, chamando à atenção as pessoas para o centro de experimentação florestal do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF).

Para constatar o quadro real no que à segurança do espaço arborizado diz respeito, a reportagem de O PAÍS dirigiu-se ao referido centro, onde pode contactar com um mais velho de mais de 50 anos de idade, que, preferindo o anonimato, sacudiu a responsabilidade de guarda, argumentando que a floresta era tão vasta e que eles eram tão poucos e sem meios eficazes de autoprotecção.

O PAÍS

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