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Quarta, 30 Setembro 2020 19:57

Senador brasileiro quer retomar conversações sobre situação da IURD em Angola

O senador brasileiro Nelsinho Trad (na foto) disse hoje que vai retomar conversações com autoridades angolanas para chegar a um acordo de pacificação sobre a situação da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) no país africano já em outubro.

“Vou retomar isto porque o que me interessa é a pacificação desta história. Quero colocar os atores [representação da IURD no Brasil e o Governo angolano] frente a frente para eles estabelecerem um acordo”, disse Trad, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da câmara alta do Congresso do Brasil (Senado).

Em setembro, a justiça angolana ordenou o encerramento e apreensão de todos os templos da IURD em Angola, e comunicou que o processo de selagem dos mesmos será feito “de forma gradual”, conforme indicou uma fonte policial à Lusa.

Questionado sobre uma viagem que pretendia fazer à Angola antes desta decisão, o senador brasileiro confirmou que uma comissão liderada por ele queria ir ao país africano em julho passado, mas foi impedida pela crise sanitária do novo coronavírus.

“O motivo principal [da não realização da viagem] foram as regras sanitárias epidemiológicas do [novo] coronavírus. Não estava a ser permitida a ida para Portugal e, mesmo aqueles que tinham permissão, teriam de ficar 15 dias em quarentena num hotel. Só depois disso, com teste negativo, poderíamos sair. Isto inibiu um pouco a nossa ida para lá”, justificou Nelsinho Trad.

O parlamentar revelou que foi estabelecido então um contacto por intermédio do embaixador de Angola no Brasil e do embaixador brasileiro em Luanda entre ele próprio e a secretária de Relações Exteriores do Parlamento de Angola.

“A partir do momento que esta interlocução foi feita, foi encaminhada uma proposta de acordo entre as partes, as autoridades angolanas e a Igreja Universal. [A proposta foi] acompanhada pelo nosso embaixador. A partir do momento que concordaram com isto, indiquei o deputado [membro da câmara baixa do Congresso brasileiro] Marcos Pereira para tomar a frente desta situação”, afirmou Trad.

Segundo Nelsinho Trad, a negociação não ocorreu porque, entretanto, a deputada angolana ficou doente.

Questionado se teve dificuldades em conversar com as autoridades angolanas sobre a situação da IURD naquele país, o senador brasileiro declarou que os problemas que, porventura, ocorreram foram todos justificados.

Trad defendeu que a “liberdade religiosa deve ser preservada em todo o mundo” e reconheceu que a situação da IURD em Angola é “um assunto delicado” que “colocou em cheque a relação diplomática entre o Brasil e Angola por estas atitudes”.

“Esperamos que isto [as conversações] possam ser retomadas para chegarmos a um bom termo. Agora, neste mês, em outubro, vamos colocar foco nisto”, concluiu o senador brasileiro.

Antes de determinar o encerramento de todos os templos da IURD em setembro, a PGR angolana já havia apreendido, em agosto, sete templos da igreja em Luanda, capital do país, no âmbito de um processo-crime por alegadas práticas dos crimes de associação criminosa, fraude fiscal e exportação ilícita de capitais.

A IURD tem estado envolvida em várias polémicas em Angola, depois de um grupo de dissidentes se afastar da direção brasileira, em novembro do ano passado.

As tensões agudizaram-se em junho com a tomada de templos pela ala reformista, entretanto constituída numa Comissão de Reforma de Pastores Angolanos, com troca de acusações mútuas relativas à prática de atos ilícitos.

Os angolanos, liderados pelo bispo Valente Bezerra, afirmam que a decisão de romper com a representação brasileira em Angola encabeçada pelo bispo Honorilton Gonçalves, fiel ao fundador Edir Macedo, se deveu a práticas contrárias à religião, como a exigência da prática da vasectomia, castração química, práticas de racismo, discriminação social e abuso de autoridade, além da evasão de divisas para o exterior do país.

As alegações são negadas pela IURD Angola que, por seu lado, acusa os dissidentes de “ataques xenófobos” e agressões a pastores, e intentou também processos judiciais contra os dissidentes.

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