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Terça, 02 Junho 2020 13:06

Grupos de media angolanos procuram abrigo no Estado

Manuel Rabelais, antigo ministro da Comunicação Social, entregou a TV Palanca ao Ministério Público. O grupo Medianova, dos generais Dino e Kopelipa, também está numa situação de aflição financeira e poderá seguir um caminho idêntico.

Os grupos de comunicação social privados angolanos criados durante a vigência de José Eduardo dos Santos, a maior parte deles liderados por homens de confiança do antigo Presidente da República, estão a desabar.

Estes grupos foram constituídos para transmitir uma imagem de pluralidade do país, mas os seus impulsionadores sempre tiveram ligações fortes a José Eduardo dos Santos. Agora, aparentemente por dificuldades em aceder a fontes de financiamento e sem contarem com o embalo do atual inquilino do Palácio da Cidade Alta, começam a desmoronar-se, optando por solicitarem a intervenção do Estado.

Oficialmente, até ao momento, só a TV Palanca atirou a toalha ao chão, mas são também do conhecimento generalizado as dificuldades sentidas pelos grupos Medianova e Media Rumo. O primeiro é controlado pelos generais Leopoldino Fragoso do Nascimento (Dino) e Hélder Vieira Dias (Kopelipa), dois indefetíveis de José Eduardo dos Santos. O segundo é detido por Domingos Vunge, que em 2015 chegou a negociar em Portugal a compra do Diário Económico.

A passagem para as mãos do Estado da TV Palanca foi comunicada este domingo, 31 de maio, pela Procuradoria-geral da República de Angola. Manuel Rabelais, antigo ministro da Comunicação Social num dos governos de José Eduardo dos Santos e diretor do Gabinete de Revitalização e Execução da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (GRECIMA), entregou voluntariamente a estação de televisão ao Ministério Público, invocando falta de meios financeiros para manter o projeto e conseguir cumprir as obrigações salariais. Rabelais, que lançou a TV Palanca em dezembro de 2015, manteve-se em funções no GRECIMA até outubro de 2017, data em que este organismo foi extinto pelo atual Presidente da República.

A Medianova, detentora do jornal O País, rádio Mais e TV Zimbo, é outra dos que poderão seguir o mesmo caminho da TV Palanca. Em Angola, refere-se que o confisco do grupo por parte do Estado é uma questão de tempo e pelo caminho têm sido apontados atos de alegada censura praticados na TV Zimbo em matérias desfavoráveis para o atual Governo do MPLA. Analistas têm comentado este quadro, considerando que o mesmo reflete uma aproximação dos generais Dino e Kopelipa a João Lourenço, promovida pelo ex-vice-presidente, Manuel Vicente, também em defesa de outros investimentos que possuem, o que pode indiciar um afastamento de ambos de José Eduardo dos Santos

Já quanto à Media Rumo, dona dos jornais Mercado e Vanguarda, a situação é diferente. A hipótese de uma intervenção do Estado não é colocada, mas o atraso no pagamento de salários tem levado à saída de muitos profissionais e a falência do grupo é dada como um desfecho muito provável. JN

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