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Sexta, 25 Abril 2014 09:28

Ativistas denunciam terceiro caso de guineenses mortos ou desaparecidos em Angola

O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), Luís Vaz Martins, disse hoje à agência Lusa que subiu para três o número de casos de guineenses mortos ou desaparecidos em Angola em circunstâncias por apurar.

Mamadu Bobo Baldé, 45 anos, foi detido a 11 de março pelas autoridades angolanas e 12 dias depois encontrado morto na cela de uma esquadra de polícia, adiantou a LGDH com base em informações de familiares.

A vítima era um engenheiro civil guineense que residia com a família em Portugal e fazia prospeção de negócios em Angola, onde as autoridades dizem que a morte foi causada por malária cerebral, acrescentou.

No entanto, a Liga queixa-se de o caso não estar esclarecido e de haver indícios de violação dos direitos humanos.

A situação junta-se à da morte em circunstâncias por explicar de António Maurício Bernardo numa das celas na 23ª esquadra da Polícia Nacional de Angola a 19 de março.

Está igualmente por apurar o desaparecimento desde julho de 2012 da jornalista Ana Pereira, conhecida por Milocas.

Estes dois últimos casos já tinham sido recordados pela LGDH numa carta aberta dirigida a 28 de março ao Procurador-Geral da República (PGR) de Angola e em que o organismo pediu a abertura de "inquéritos urgentes, transparentes e conclusivos" sobre as situações.

"Até hoje não houve reação", lamentou Luís Vaz Martins.

A sequência de casos pode indiciar "uma espécie de perseguição aos cidadãos guineenses em Angola, eventualmente por parte das autoridades, que fazem as detenções, e outras forças ocultas naquele país", acrescentou.

Face ao cenário, o presidente da LGDH considera que as autoridades deviam assumir "uma posição musculada" para resolver os casos e afastar "qualquer responsabilidade que possa depois ser imputada ao próprio Estado angolano".

Uma "angústia muito grande" enche os dias de Zaida Pereira, residente em Bissau, irmã da jornalista guineense desaparecida há quase dois anos.

"Todas as hipóteses continuam em aberto. Gostávamos de saber como obter informação, qualquer coisa, do lado de Angola" sobre o paradeiro de Ana Pereira, referiu à Lusa.

"É como se se tivesse aberto um buraco e ela tivesse desaparecido", acrescentou Zaida.

A antiga jornalista da Rádio Difusão Nacional e proprietária de um jornal em Bissau é conhecida de Mamadu Candé, presidente do Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social (Sinjotecs) da Guiné-Bissau, que aponta o dedo ao próprio país.

"Há uma fraca intervenção das autoridades de transição", referiu.

"Quem devia estar mais implicado nisso eram os responsáveis guineenses, mas há lentidão e desinteresse", concluiu.

LUSA

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