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Segunda, 22 Abril 2019 20:42

Polícia nacional justifica não ter impedido linchamento popular em Luanda

Os polícias angolanos que assistiram, sem impedir, ao linchamento popular de dois assaltantes, sábado em Luanda, atuaram com os padrões de segurança adequados para salvaguardar a sua própria "integridade física", referiu esta segunda-feira a instituição.

Segundo o intendente Mateus Rodrigues, porta-voz da Polícia Nacional (PN) angolana, os agentes presentes no local do linchamento, no Distrito Urbano do Palanca, não recorreram a outras medidas de contenção, como disparos para o ar, para evitar um eventual confronto com a população, que se mostrava "eufórica", e "para salvaguardar a integridade física" dos próprios polícias.

O incidente ocorreu sábado último, na sequência de uma tentativa de assalto a uma vendedora de divisas, Maria Benedito, de 55 anos, baleada na região do abdómen.

Submetida, ainda sábado, a uma intervenção cirúrgica, a "kinguila" encontra-se a recuperar, embora o seu estado de saúde ainda inspire cuidados.

Segundo Mateus Rodrigues, a atuação dos dois agentes foi feita com "prudência", uma vez que estavam no local em serviço de patrulha.

Condenando a ação da população, Mateus Rodrigues explicou, por outro lado, que os dois polícias "agiram de imediato e conseguiram retirar um segundo meliante do linchamento".

Um dos assaltantes foi morto pela população e um outro ficou ferido causados pela população que se juntou no local, encontrando-se internado numa unidade hospitalar "em estado grave", segundo fontes médicas.

Um terceiro implicado fugiu e está a ser procurado pelas autoridades.

Todos os envolvidos, já com histórico criminal, deixaram a cadeia recentemente, depois de cumprirem penas, por envolvimento em crimes de assalto à mão armada e homicídios.

O incidente ganhou proporções por ter sido filmado com telemóveis, imagens que têm sido profusamente divulgadas nas redes sociais em Angola e que mostram alguns elementos a espancar um dos assaltantes até à morte.

Domingo, Mateus Rodrigues confirmou à agência Lusa que se tratam "imagens reais", filmadas a partir de telemóveis, em que se observa a vendedora de divisas a ser atacada e baleada com uma arma de fogo.

Depois, noutros vídeos, é visível um grupo de pessoas a perseguir os assaltantes, já na presença da polícia, e um dos suspeitos no chão a ser espancado pela população que, a certa altura, pega numa motorizada e atira-a repetidamente para cima da vítima, que viria a morrer, com a polícia a tentar, em vão, repor a ordem.

Angola há muito que tem em curso uma campanha de sensibilização para sensibilizar a população a não fazer justiça pelas próprias mãos.

"Caro Cidadão? a Justiça por mãos próprias é crime e não resolve o seu problema, podes terminar na cadeia" é o lema da campanha que está disseminada em cartazes por todo o país.

A 25 de fevereiro, um relatório da Polícia Nacional angolana revelou que, em 2018, a criminalidade em Angola registou um significativo aumento comparativamente a 2017, com um total de 72.174 crimes, 5.199 deles com recurso a arma de fogo.

Segundo as estatísticas, em 2018 foram registados mais 26.301 crimes comuns comparativamente a 2017, mas uma redução relativamente aos crimes económicos, 1.825 (-545).

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