Em declarações à Lusa, Alcides Sakala, deputado e porta-voz da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), considerou que Lopo do Nascimento "deixou pistas muito importantes, sobretudo a ideia da construção de uma nação inclusiva e, sobretudo, deixa um recado importante para a juventude".
"Pode-se entender que para Lopo a nação ainda não está construída. É uma mensagem que achamos oportuna nas circunstâncias actuais do nosso país e ela pode representar o início de um debate novo, se houver esta vontade de querermos construir uma sociedade mais justa, reconciliada e democrática", acrescentou.
No discurso que fez hoje no parlamento, Lopo do Nascimento, 71 anos, que foi primeiro-ministro de Angola de 11 de Novembro de 1975, dia da independência, até 9 de Dezembro de 1978, e que em 1993 desempenhou o cargo de secretário-geral do MPLA, invocou "razões particulares" para sair da política activa.
Dirigindo-se aos jovens, Lopo do Nascimento interpelou-os para que não se percam no que designou como "discussões de infantários".
"Vocês, jovens, não podem perder-se em discussões de infantários, que apenas vos dividem e impedem posições de acções comuns em relação ao que é verdadeiramente importante para o futuro do país", disse.
Noutro ponto da intervenção, lembrou que "a nação não é de nenhum partido, é obra de todos e pertence a todos".
"Hoje em muitos países do nosso continente, o importante para subir na vida é a cor do cartão do partido, é o vir de onde vêm ou a raça da pessoa e vocês jovens africanos têm de preparar-se para ajudar a mudar esses critérios a favor da educação, da formação e da competência", enfatizou.
O também deputado e porta-voz da coligação Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), Lindo Bernardo Tito disse à Lusa que o dirigente histórico do MPLA "fez um pronunciamento que representa a sua estatura política e aquilo que exactamente ele pensa sobre Angola".
"Lopo do nascimento deu uma lição sobre uma coabitação harmoniosa e inclusiva de todos os angolanos", acrescentou.
Alcides Sakala e Bernardo Tito coincidiram na ideia de que as palavras de Lopo do Nascimento foram dirigidas ao MPLA, com o porta-voz da UNITA a considerar que "vão dar expressão a um debate no seio do MPLA", enquanto o seu colega parlamentar da CASA-CE disse que a intervenção foi "sobretudo dirigida para o interior do seu partido".
"Ele fez uma leitura de que se o país está na posição em que está, a responsabilidade é do seu partido. Se o país é um país de exclusão, em que o cartão de militante fala muito mais alto, a responsabilidade é do seu próprio partido", adiantou Bernardo Tito.
A Lusa tentou uma reacção junto do partido no poder, mas o MPLA continua sem porta-voz, desde que o anterior dirigente que tinha estas funções, Rui Falcão, foi enviado para a província do Namibe, para o cargo de Governador Provincial.
Lusa