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Segunda, 02 Outubro 2017 10:45

Manuel Nunes Júnior aponta via para a recuperação de divisas

O ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior, lembrou que a importação de bens de consumo tem absorvido uma parte importante das divisas disponíveis no país, situação que o novo Executivo pretende alterar com a aposta na produção interna, sobretudo de bens da cesta básica.

Falando após a tomada de posse dos novos membros do Executivo, realizada no último sábado, em Luanda, Manuel Nunes Júnior lembrou que "a importação de bens de consumo constitui uma parte importante da procura actual por divisas".

Neste sentido, o ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social - pasta que constitui uma das novidades introduzidas pelo Governo de João Lourenço - defendeu que "se produzirmos a maior parte dos bens de consumo internamente, sobretudo os da cesta básica, haverá uma menor pressão sobre as divisas".

Com esta opção, segundo apontou o governante, "as divisas existentes, que são relativamente escassas, poderão ser aplicadas para fins de desenvolvimento estratégico do país".

"A nossa missão vai ser efectivamente implementar medidas rápidas, que façam com que a produção interna aumente, com que haja também um maior aumento das exportações", avançou o ministro de Estado, sublinhando que, para além do foco nos produtos da cesta básica, deverá haver uma maior aposta nos produtos que podem gerar a curto prazo recursos para o país.

"A recuperação de divisas é um processo que deve ser visto no âmbito do crescimento económico do país e também no âmbito da diversificação", salientou Manuel Nunes Júnior.

2 mil milhões de dólares para importar bens da cesta básica

Recorde-se que Angola prevê importar este ano 2,2 milhões de toneladas dos nove produtos da cesta básica, compras que vão custar mais de dois mil milhões de dólares, com destaque para a farinha de trigo.

A informação consta de dados do Entreposto Aduaneiro de Angola (EAA), empresa pública criada em 2002 e que tem a função de gestor da reserva do Estado de manutenção da estabilidade dos preços do mercado, consultados pela Lusa e que indicam que só em farinha de trigo o país deverá importar cerca de 520 toneladas.

Devido à crise cambial decorrente das dificuldades financeiras com a quebra das receitas petrolíferas, Angola viu o preço do pão disparar no último trimestre de 2016, precisamente devido às dificuldades de importação de farinha de trigo. A situação levou à intervenção do EAA, que passou a assegurar essas compras e a fazer a venda directa aos panificadores, para controlar os preços.

Questionado pela Lusa, o presidente do conselho de administração da empresa, Joffre Van-Dúnem Júnior, admitiu o cenário vivido em 2016, mas sublinhou que o Governo "tomou medidas", nomeadamente através da disponibilização de divisas para os "principais importadores" do país e que conseguem fazer chegar as mercadorias a todo o país.

"Acredito que ao longo de 2017 não haverá constrangimentos e não vão faltar produtos da cesta básica à população", afirmou Joffre Van-Dúnem Júnior, agora Ministro do Comércio.

A cesta básica é composta actualmente por um conjunto de nove produtos, cujo preço é vigiado pelo Estado, "que espelha as necessidades essenciais da população em termos alimentares", segundo informação do EAA. A sua importação, que é livre, em função das disponibilidades cambiais das empresas que compram ao exterior, custa anualmente, segundo o Ministério do Comércio, cerca de dois mil milhões de dólares.

Em 2017, as projecções apontam para a necessidade de importação por Angola de 380 toneladas de açúcar, 331 de arroz, 103 de farinha de milho, 271 de feijão, 147 de leite em pó e 199 de óleo alimentar, além de sabão em barra ou sal, que também integram este lote de produtos.

Contudo, entre 2018 e 2022, a projecção do Governo aponta para uma diminuição anual da importação de 10% da farinha de milho e 10% de feijão, devido ao "aumento de produção interna" que está projectado.

Os produtos da cesta básica estão isentos do pagamento de taxas aduaneiras e Imposto de Consumo. (NJ)

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