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Sábado, 27 Fevereiro 2016 22:44

Luto: Morreu nacionalista angolano Lúcio Lara, um dos fundadores do MPLA

Luanda - O nacionalista angolano Lúcio Lara morreu hoje em Luanda, aos 86 anos, vítima de doença prolongada, noticiou a Televisão Pública de Angola (TPA).

Lúcio Rodrigo Barreto de Lara, nasceu na cidade do Huambo, no planalto central a 9 de Abril de 1929, Filho de um fazendeiro português e de mãe angolana, tendo iniciado a sua actividade política na década de 40, quando frequentava a Universidade de Coimbra.

Foi nesta cidade portuguesa que conheceu personalidades como Agostinho Neto, Antero de Abreu e Diógenes Boavida, entre outros nacionalistas angolanos e casou com Ruth, filha de uma família composta de um alemão e de uma judia alemã que haviam fugido do Nazismo, e com quem teve três filhos, Paulo, Wanda e Bruno.

Com Agostinho Neto, Mário de Andrade, Amílcar Cabral e Zito Van-Dúnem, Lúcio Lara foi um dos fundadores do Clube Marítimo Africano, um centro de formação política que também se dedicava ao envio de material político para as antigas colónias portuguesas utilizando navios que se deslocavam para aquelas zonas de África.

Lúcio Lara, que fugiu para França na sequência da perseguição da PIDE (polícia política portuguesa), foi membro do Movimento Anti- Colonial e da Frente Revolucionária Africana para a Independência Nacional, antes de aderir ao MPLA, de cujo Comité Director Exterior fez parte a partir de 1960.

Entre 1962 e 1974 desenvolveu a sua actividade política clandestina em Cabinda e no leste de Angola, mas também no território da actual República do Congo, junto de refugiados angolanos que ali se encontravam. Foi eleito Secretário da Organização e dos Quadros na primeira conferência nacional do MPLA, passando mais tarde a Secretário Geral.

O golpe de Estado que em 25 de Abril de 1974 pôs fim à ditadura colonial fascista em Portugal foi o corolário de todo esse longo processo de desarticulação da máquina que Salazar havia montado.

Como resultado, a 8 de Novembro de 1974 Lúcio Lara aterrava em Luanda à frente da primeira delegação do MPLA que se deslocou à capital angolana depois do derrube da ditadura em Portugal.  Viria então preparar o regresso de Agostinho Neto, que teria lugar em Fevereiro de 1975.

Foi Lúcio Lara quem empossou Agostinho Neto como primeiro Presidente de Angola, e foi também Lúcio Lara quem deu posse ao Presidente José Eduardo dos Santos, depois do desaparecimento físico do fundador da nação.

Com a sua morte, parte o último fundador até então vivo do Movimento Popular de Libertação de Angola.

Lúcio Lara era deputado na Assembleia Nacional de Angola, cargo a que renunciou em finais de 2003 devido a problemas de saúde.

Num comunicado enviado hoje a nossa redação, o BP do MPLA refere com a “profunda comoção” causada pela morte e realça a "inestimável participação" de Lúcio Lara em prol da autodeterminação dos angolanos.

“O camarada Lúcio Lara foi um artífice da luta pela independência de Angola ao lado do primeiro presidente de Angola, Dr. António Agostinho Neto, tendo escrito o seu nome com letras de ouro na história de Angola pela sua inestimável participação na árdua caminhada em prol da liberdade e da autodeterminação dos angolanos”, lê-se no documento.

Pelo infausto acontecimento, O Bureau Político do Comité Central do MPLA “inclina-se perante a memória deste ilustre combatente da pátria angolana” e endereça as condolências à família enlutada em nome dos seus militantes.

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