Para Luzia Moniz, Angola “é um Estado muito defeituoso, porque é construído dos escombros da guerra”, mas quando nasceu, em 11 de novembro de 1975, "elege como prioridade a educação”.
“Nós estávamos a falar de um país (…) com 85% de analfabetos. Não havia outra forma para se edificar um Estado (…) que não fosse começar pela educação”, disse a jornalista que foi alfabetizadora e formadora de alfabetizadores, em 1975, com 13 anos.
No entanto, “com a morte de Jonas Savimbi [em 2002], o país também tem uma mudança de modelo de desenvolvimento económico, mas faz isso sem ter em conta a realidade intrínseca do seu próprio tecido social,” criando uma “cleptocracia e uma sociedade que é assente nas desigualdades”. No modelo que o país adota, “a prioridade não é o cidadão e a sociedade, a prioridade passa a ser individual”, salientou, em declarações à Lusa.
Luzia Moniz descreve Angola como “um país sem presente e sem futuro: Não é um país, é um território sem lei, sem ordem e sobretudo sem patriotismo por parte da classe política”.
“A educação é o maior falhanço dos 50 anos da independência. É a desigualdade que nos leva a esse falhanço”, afirmou a socióloga, salientando a “falta de credibilidade” do Governo angolano.
Moniz exalta a educação como “o melhor instrumento para combater a pobreza e para combater a criminalidade, porque a escola forma comportamentos. É o primeiro instrumento de cidadania”.
Num país onde mais de 11 milhões de pessoas passam fome ou têm dificuldades no acesso aos alimentos, segundo a Organização das Nações Unidas, Luzia aponta a distribuição de riqueza como uma das soluções para o problema.
“À medida que nós fomos capazes de criar bilionários, não fomos capazes de criar condições para que não haja pobreza extrema. A pobreza não é a responsabilidade do pobre”, concluiu.