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Quarta, 07 Agosto 2024 13:54

Apenas 2,6 em cada 10 angolanos aceitam João Lourenço e 80% reprovam combate à corrupção

Angolanos estão cada vez mais insatisfeitos com aquilo a que as autoridades chamam de combate à corrupção. Se, em 2019, apenas 34% aprovavam a forma como João Lourenço conduzia o processo, este ano oito em cada 10 angolanos julgam que João Lourenço está errado. Sobre preços, a situação é mais dramática, com a taxa de aprovação nos 7%.

O nível de aceitação do Presidente João Lourenço caiu 18 pontos percentuais, nos últimos cinco anos, passando dos 44% em 2019 para os 26% este ano, revela um inquérito da Afrobarómetro designado ‘Avaliação da governação e situação social’, que começou a ser divulgado na última semana.

Realizado com uma amostra de 1200 pessoas com 18 e mais anos, o estudo mostra que os cidadãos com idades compreendidas entre os 18 e 35 anos são os que mais reprovam o desempenho de João Lourenço. Apenas 23% aprovam o desempenho do Presidente da República contra 38% dos cidadãos com mais de 46 anos. No intervalo aparecem os cidadãos com idades compreendidas entre os 36 e 45 anos, com 28% destes a aprovarem a forma como o Presidente da República desempenha as suas funções.

Por região, o estudo mostra que a população do Norte está mais insatisfeita com o desempenho de João Lourenço. Apenas 17% está satisfeita contra os 29% do Centro, 33% do Leste e 46% do Sul, enquanto, por províncias, a menor taxa de satisfação regista-se na capital do país e está fixada em 16%. Em Benguela, 19% dos inquiridos e, na Huíla, 45% aprovaram o desempenho de João Lourenço.

Na avaliação por género, as mulheres, com 26% de aprovação, revelam-se mais insatisfeitas que os homens (27%), uma diferença de um ponto percentual.

Em relação às preocupações e ou temas colocados aos inquiridos, a manutenção da estabilidade dos preços é das questões que mais mancham o Governo de João Lourenço. Apenas 7% entendem que o Governo está a lidar bem com a questão, registando uma redução de 6 e 5 pontos percentuais face a 2019 e 2022, respectivamente. Segue-se a problemática da "redução das desigualdades entre ricos e pobres", em que apenas 9% estão satisfeitos, uma redução de seis pontos percentuais, face aos 15% de 2019.

A gestão da economia (18% para 15%), a criação do emprego (16% para 11%), e a melhoria do padrão de vida dos pobres (15% para 11%) são outros desafios do Governo, cujos resultados registaram redução no nível de satis- fação da população. Na prevenção ou resolução de conflitos violentos (27% para 24%), redução do crime (26% para 23%) e provisão de serviços de água e saneamento (24% para 23%) João Lourenço também não passa no teste.
O desempenho do Governo registou apenas ligeira melhoria quanto à melhoria dos serviços básicos de saúde, cujo nível de satisfação passou de 24% para 29%.

Declarado como o seu principal 'cavalo de batalha', é no combate à corrupção em que João Lourenço, curiosamente, perde mais pontos. Em 2019, 34% dos inquiridos estavam satisfeitos com o processo; em 2022, o nível caiu para 30% е, em Março deste ano, estava em 21%. Ou seja, desde 2019 a insatisfação regrediu 13 pontos percentuais. Outra grande queda ocorreu na questão da criação de emprego, que passou de 16%, em 2019, para 11%, este ano, uma redução de cinco pontos percentuais.

Os inquiridos também foram desafiados a responder se a condução do país "está a ir na direcção errada ou certa". Do total 75% consideram que Angola "vai para a direcção errada contra 21% que entende que a direcção é a certa".

Ainda no capítulo económico, 68% dos entrevistados consideram que a situação económica do país é "muito má" e 22% consideram razoável ou muito boa. Sobre a condição económica dos próprios inquiridos, 56% descrevem como "muito má" e 28% como muito boa.

Entre outros dados, o estudo mostra ainda que "em média cerca de 60% enfrentaram situações de privação de bens essenciais durante o ano de 2023".

O inquérito que assume uma margem de erro de +/- 3 pontos percentuais e um nível de confiança de 95%, conclui ainda que "cerca de 5 em cada 10 angolanos (46%) experimentaram "pobreza extrema" em 2024, um aumento de 11% em relação a 2019". Valor Económico

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