O movimento independentista da província angolana de Cabinda, norte do país, em comunicado, acusa o exército angolano de matar três civis cabindeses, na madrugada de hoje, na fronteira de Mbaka-Nkosi, na República Democrática de Congo (RDCongo) com a cumplicidade de militares deste país.
Segundo a FLEC-FAC, além dessas vitimas, na segunda-feira dois jovens de Cabinda foram também mortos por militares angolanos na aldeia de Kiphata, em Lukula, “sob acusação falsa de serem militares infiltrados da FLEC-FAC”.
Os independentistas solicitam ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que tome uma “posição firme” relativamente à “política de limpeza étnica do Governo angolano” contra civis que vivem nas proximidades de Mbaka-Nkosi.
“Solicitamos ao secretário-geral das Nações Unidas e ao Alto-Comissário para os Direitos Humanos que condem a Operação NGEMBA em curso, lançada pelas Forças Armadas Angolanas e pelas Forças Armadas da República Democrática do Congo contra a população cabindesa na fronteira entre Cabinda e a RDCongo”, referem no comunicado.
Para a FLEC, o “silêncio” das Nações Unidas sobre estes crimes “compromete a credibilidade desta organização” e lamenta, por outro lado, que o Governo da RDCongo tenta alegadamente “minimizar estes mortíferos acontecimentos utilizando argumentos falaciosos e incoerentes”.
A FLEC mantém há vários anos uma luta pela independência do território, de onde provém grande parte do petróleo angolano, alegando que o enclave era um protetorado português - tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885 - e não parte integrante do território angolano.
O Governo angolano recusa normalmente reconhecer a existência de soldados mortos resultantes de ações de guerrilha dos independentistas, ou qualquer situação de instabilidade naquela província do norte de Angola, afirmando sempre a unidade territorial.