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Terça, 19 Julho 2022 09:34

Três trunfos de João Lourenço num cenário pós-eleitoral

Caso vença as eleições de 24 de agosto, o Presidente angolano deverá manter a equipa económica que assegurou credibilidade externa e deu os primeiros passos para o saneamento das contas públicas do país.

João Lourenço tem, pelo menos, dois ministros dos quais não irá abdicar, caso seja reeleito Presidente de Angola nas eleições que se realizam a 24 de agosto. Os governantes em causa são Manuel Nunes Júnior, ministro do Estado para a Coordenação Económica, e Vera Daves de Sousa, ministra das Finanças.

Ambos são decisivos para que o país possa contar com o apoio das instituições internacionais, caso do Fundo Monetário Internacional (FMI), credibilizando assim a narrativa de recuperação da economia e saneamento das contas públicas.

É também à luz deste quadro que se entende a circunstância de João Lourenço ter mantido Vera Daves de Sousa no cargo, mesmo quando a ministra das Finanças alertou a Presidência da República para a necessidade de se seguirem as regras da contratação pública e evitar os ajustes diretos.

A par de Manuel Nunes Júnior e Vera Daves de Sousa, João Lourenço também não poderá prescindir do atual governador do Banco Nacional de Angola (BNA). José de Lima Massano tem dado um contributo relevante na estabilização do quadro macroeconómico do país através da reforma do sistema financeiro nacional, um trabalho que ainda está por concluir. Além disso, a Assembleia Nacional aprovou uma nova lei que protege a independência do BNA, reforçando deste modo a autonomia do governador.

As próprias intervenções públicas de José Lima Massano vão além deste ciclo político. Recentemente, no fórum “Novo Ciclo da Economia Angolana”, promovido pela Câmara de Comércio Internacional Portugal-Angola, José de Lima Massano sublinhou que o principal objetivo da política monetária da instituição é o de assegurar que a inflação desça para um dígito até 2024.

Além destas três figuras, parece também consensual concluir que João Lourenço tenderá a manter no Governo o ministro dos Transportes, Ricardo Viegas de Abreu, bem como o titular da pasta das Obras Públicas, Manuel Tavares de Almeida. Mexidas profundas no elenco governativo, a acontecer, só serão concretizadas em 2023.

Num cenário de continuidade parece igualmente claro que João Lourenço vai ter de se libertar do espartilho dos serviços de inteligência, os quais crescentemente foram limitando a sua ação do ponto de vista político.

Esta necessidade resulta também de um novo ciclo que se avizinha como previsível. Os “inimigos” criados pela aposta no combate à corrupção representam um perigo menor num previsível novo mandato e João Lourenço terá de se abrir mais à sociedade civil, até porque deixa de estar pressionado por uma terceira reeleição, em 2027.

A abertura do Palácio da Cidade Alta é uma obrigação que resulta igualmente do forçoso amadurecimento democrático do país. Jornal de Negócios

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