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Sexta, 15 Janeiro 2021 21:24

João Lourenço, de “Mimoso” a “engavetado”

Nasceu João Lourenço, mas foi “Mimoso” que cresceu. Foi por aquela alcunha que o rapaz de 1954 ficou conhecido desde pequeno na comuna do Canata, cidade do Lobito. Ficou “mimoso” não por ser carinhoso e dado, mas antes por ser um rapaz obediente e ciente dos limites.

“Não sei se ele se recorda desse nome, mas era muito calmo, não queria confusão”, recordou em 2017 à Agência Lusa Flora Mukebe, a afilhada da mãe de João Lourenço, que viveu na casa da família, recebendo lições de costura da matriarca em troca de lhe tomar conta dos filhos. A julgar pelo que recordou à altura, entre os três filhos que Sequeira e Josefa Lourenço criaram, João bem pode ter sido o que lhe deu menos trabalho. “Não saía do quintal”, disse Flora Mukebe.

Nem sempre teve o pai em casa. Entre 1958 e 1960, Sequeira Lourenço foi preso pela PIDE na cadeia de São Paulo, em Luanda, por ser um nacionalista envolvido em atividades políticas clandestinas contra o colonialismo português e já com ligações ao MPLA. Depois de libertado, a família foi desterrada para a província do Bié, no interior, onde a família Lourenço foi vigiada pela polícia política durante 10 anos.

Se olhassem bem lá para dentro daquelas quatro paredes, veriam como foi o próprio pai que ensinou João Lourenço a ler e a escrever, até que este prosseguiu os seus estudos, em mecânica, na Escola Industrial do Bié, na cidade do Cuíto. Dali, seguiria para o Instituto Industrial de Luanda. É por ali que o apanha o 25 de Abril de 1974, revolução que o leva a entrar para o MPLA. Ali entrado, já não voltaria a sair — para o bem e para o mal.

Entrou pela frente militar, naquele período morno, mas tenso, entre o 25 de Abril e o início da guerra civil, já em 1975. Formou-se em artilharia pesada e chegou a combater no noroeste, em Cabinda, contra as tropas da FNLA e do então Zaire (atual República Democrática do Congo).

Em 1978, como acontecia com os quadros do MPLA que despertavam o interesse dos superiores, foi enviado para Moscovo, mais propriamente para a Academia Político-Militar Vladimir Ilitch Lenine. Estudou durante três anos, ao fim dos quais concluiu um mestrado em Ciências Históricas. Durante esse período, regressou pelo menos uma primeira vez a Angola: em 1979, recorda o Expresso, fez parte do corpo de militares que recebeu o cadáver do Presidente Agostinho Neto, que morreu de forma súbita em Moscovo.

Quando regressa a Angola, em 1982, é já um homem de confiança das mais altas esferas do partido. Sob a liderança de José Eduardo dos Santos, confirma-se como um “jovem muitíssimo bem sucedido”, como o descreve um diplomata aposentado. Passou o resto da década de 80 como comissário político das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), ganhando calo ao navegar os corredores palacianos do meio militar. Não era homem de andar de arma na mão, mas antes de dedo em riste, com ordens para dar e conspirações para travar. Fê-lo sempre no seu estilo austero e recatado — tom que viria a manter o resto da vida.

A exceção foi aberta para a namorada de então, com quem viria a casar e a ter seis filhos. Ana Dias, que passou mais tarde a ser também Lourenço, era à altura uma jovem mas também promissora militante do MPLA. “Sempre pareceram um casal muito próximo, muito unido”, conta ao Observador uma pessoa que já privou com os dois. A mulher que viria a tornar-se mais tarde numa economista de projeção mundial era, à altura, uma militante do MPLA no limbo. Em 1977, chegou a estar presa na cadeia de São Paulo (a mesma onde duas décadas antes estivera o pai do seu futuro marido) durante três meses após ter sido acusada de alinhar no suposto golpe do 27 de Maio, uma alegada tentativa de substituição de Agostinho Neto por Nito Alves na liderança do MPLA.

“Houve pessoas que quiseram pôr-me fora do MPLA, mas só conseguiram fazê-lo durante três meses”, recordou Ana Lourenço desse tempo, numa entrevista ao Novo Jornal. Foi reabilitada com o beneplácito de José Eduardo dos Santos e, depois disso, começou a namorar João Lourenço. “Os dois formaram, desde essa altura, um casal up and coming em Luanda, eram duas pessoas muito capazes”, diz uma pessoa que os conhece.

João e Ana Lourenço subiram passo a passo os degraus do poder angolano — ele pela via militar e ela no meio económico. E sempre com a política, e o MPLA, pelo meio. “Os dois formaram, desde essa altura, um casal up and coming em Luanda, eram duas pessoas muito capazes”, diz uma pessoa que os conhece.

Ana Lourenço subiu pelo lado da economia, João Lourenço pela frente política. Foi comissário provincial (cargo que, à altura, correspondia ao de governador) de Moxico e depois de Benguela, onde também liderou o partido. Em 1989, o MPLA chamou-o para Luanda, desta vez para encabeçar a Direção Política Nacional das FAPLA, o braço político do MPLA.

Em 1992, João Lourenço voltou a subir no partido, assumindo o cargo de secretário de informação do MPLA. Ficar responsável pela propaganda do partido não era uma nomeação de circunstância, mas sim de substância. Naquele ano, Angola ia a eleições pela primeira vez em democracia, naquilo que foi um calar das armas entre o MPLA e a UNITA — uma paz efémera, como os dez anos seguintes viriam a provar. Ao longo desse período, João Lourenço continuou a subir no partido.

Tanto que, em 1998, aos 34 anos, foi escolhido para secretário-geral do MPLA, o que o tornava no número dois do partido. José Eduardo dos Santos tinha especial confiança naquele jovem político com cara de poucos amigos e ainda menos palavras — postura que não só cultivava mas que também partilhava.

“Eles estudaram os dois na União Soviética, têm os dois o mesmo perfil”, diz ao Observador uma fonte do comité central do MPLA. Outro angolano, mas da oposição, resume a relação de apreço do “Camarada Presidente” em relação a João Lourenço de forma semelhante: “José Eduardo dos Santos é, por natureza, uma pessoa quieta. E, como tal, aprecia pessoas quietas”.

João Lourenço era, acima de tudo, um secretário-geral à imagem de José Eduardo dos Santos. Um jovem ambicioso que, munido de uma disciplina militar e de uma obediência em toda a linha, seria o disciplinador do partido — também este, à imagem do “Camarada Presidente”.

“João Lourenço, enquanto secretário-geral do MPLA, foi uma figura muito reacionária”, assinala o jornalista e investigador Sedrick de Carvalho. Naqueles anos, João Lourenço tinha nas mãos a difícil tarefa de assegurar que o partido se mantinha disciplinado numa altura em que a guerra pendia de forma irrefutável para o lado do MPLA — o que permitiu que também daquele lado se começassem a consolidar importantes fontes de riqueza, nem sempre legais. De maneira a garantir o statu quo no partido, alguns nomes incómodos foram arredados de qualquer vislumbre de poder.

Foi o caso de Lopo do Nascimento, histórico do MPLA que por ter sido primeiro-ministro de Angola entre 1975 e 1978 foi visto à altura da morte de Agostinho Neto como seu sucessor natural. Como prémio de consolação pela sua paciência e discrição, Lopo do Nascimento chegou a secretário-geral do MPLA, entre 1993 e 1998. Mas, quando o partido escolheu precisamente João Lourenço para lhe suceder, Lopo do Nascimento perdeu de forma definitiva o destaque na política angolana, reduzido a um silêncio que foi quebrando amiúde, mas sempre sem alarde.

Mais barulhento foi Marcolino Moco, primeiro-ministro de Angola entre 1992 e 1996. Depois de afastado do cargo por José Eduardo dos Santos, Marcolino Moco tornou-se numa voz incómoda dentro do partido. Chegou a ser-lhe atribuída a citação de que “o MPLA e a UNITA são farinha do mesmo saco” — uma frase que o próprio diz ter sido deturpada pelo jornalista que o ouviu, mas que João Lourenço de qualquer modo não perdoou. À altura, Marcolino Moco acusou João Lourenço de gritar com ele “como se fosse uma criança” numa reunião partidária. “Tratou-me como uma criança e mandou-me calar”, contou Marcolino Moco à Rádio Ecclesia em março de 2001. Em agosto do mesmo ano, João Lourenço disse à mesma rádio: “Enquanto ele [Marcolino Moco] não se retratar, não teremos um julgamento sobre ele idêntico ao de outros militantes”.

Quem conheceu João Lourenço e privou com ele nos seus anos de secretário-geral do MPLA recorda um homem “muito próximo de José Eduardo dos Santos”, que servia de seu emissário para os assuntos mais delicados e complexos. “Uma vez almocei com ele e com mais pessoas, um grupo restrito”, conta uma dessas pessoas. “No final do almoço, o João Lourenço veio ter comigo, tocou-me no braço, pediu licença aos restantes e puxou-me para um canto para falarmos a sós. Deu-me diretamente um recado de José Eduardo dos Santos.”

João Lourenço tornou-se nos olhos e nos ouvidos de José Eduardo dos Santos naqueles anos, nutrindo com ele uma relação de confiança e de cumplicidade, o que lhe permitia deixar à sua confiança a gestão do partido — o que, à altura, já era sinónimo de Estado. Esta relação tornou-se evidente dentro e fora do MPLA, tanto que João Lourenço passou a figurar nas recorrentes listas de possíveis sucessores de José Eduardo dos Santos. O Semanário Angolense chegou a incluí-lo na lista de “homens do Presidente”, destacando João Lourenço como um dos “indefectíveis do chefe”.

Até que, em 2001, José Eduardo dos Santos anuncia numa reunião do MPLA que nas eleições seguintes “o candidato [dessa] vez não se chamará José Eduardo dos Santos”. Nessa altura, de tanto ouvir e ler que era um dos putativos sucessores, João Lourenço chegou a acreditar nisso mesmo. Várias fontes que falaram ao Observador, umas do MPLA e outras que privavam com o seu secretário-geral à altura, indicam que João Lourenço assinalou a várias pessoas que estava mesmo disposto a avançar. Aquela promessa de José Eduardo dos Santos podia até ter um horizonte vago, já que na altura ainda decorria a guerra e, como tal, dificilmente haveria eleições. Porém, quando Jonas Savimbi foi morto numa emboscada em fevereiro de 2002, tudo parecia precipitar-se. João Lourenço estava pronto e o caminho parecia estar aberto.

Em 2003, com a sua possível sucessão a José Eduardo dos Santos a marinar, João Lourenço cometeu numa entrevista ao jornal angolano “A Capital” aquele que viria a tornar-se no seu maior erro político. O entrevistador, remetendo para a promessa de retirada de José Eduardo dos Santos, perguntou “de uma vez por todas” se ia mesmo haver outro candidato do MPLA nas eleições seguintes.

João Lourenço enterrou-se com estas palavras: “Acho que a sociedade deve fazer as suas análises. O Presidente dos Santos é muito conhecido do povo angolano e o povo tem uma opinião sobre ele, se é um Presidente sério ou se não. Nós, enquanto MPLA, pensamos que é sério. E sendo sério acreditamos que vai honrar a sua palavra”.

Mimoso, o menino que nunca saía do quintal e que sempre obedecia aos seus pais, ousou fazê-lo pela primeira vez na vida. Levado a crer nas palavras do homem que servira nos seus melhores anos até então no MPLA, e empurrado pela própria ambição, João Lourenço assinalou duas coisas. Primeiro, que estava pronto para avançar. Segundo, sugeriu que se José Eduardo dos Santos se mantivesse no poder deixaria de ser “um Presidente sério”.

Depois de uma subida calculada que levou décadas a ser construída, num descuido, João Lourenço tropeçou e caiu em menos de nada. “José Eduardo dos Santos identificou João Lourenço como inimigo interno”, diz Filomeno Vieira Lopes, economista e membro do Bloco Democrático. “Quando queremos atravessar o rio, não sabemos onde está o jacaré, não é? Então vamos lançando pedras aqui e ali e quando ele levantar a cabeça a gente sabe que está ali e passa no outro lado”, diz o opositor. Foi o que José Eduardo dos Santos fez.

Nesse mesmo ano, João Lourenço teve a incumbência de organizar o V Congresso do MPLA, que foi também o primeiro após o final da guerra. Foi como cavar a própria sepultura — e João Lourenço sabia-o. José Eduardo dos Santos, fazendo esquecer a promessa feita dois anos antes, candidatou-se à presidência do partido.

Dias antes daquele congresso, evento que decorreria com acesso restrito aos membros do comité central, o MPLA de Luanda organizou uma manifestação de apoio a José Eduardo dos Santos no Pavilhão Gimnodesportivo da Cidadela. Foi um evento de autêntico culto a José Eduardo dos Santos — com 10 mil pessoas a assistir a tudo, entre discursos e concertos, com cartazes a evocar “Dos Santos o pacificador”, “Dos Santos a escolha certa”, “Dos Santos o nosso candidato” ou “Dos Santos a nossa força para a vitória”. No palco, a pessoa que falou em nome da ala feminina do MPLA, a Organização da Mulher Angolana (OMA), decidiu “agradecer a Deus, o criador, em nome da mulher angolana pelos feitos de Eduardo dos Santos”.

Das fotografias que sobram deste evento, há uma que foca em João Lourenço. Vestido como os demais — calças pretas, camisola vermelha, boné com aquelas duas cores e uma bandeira do MPLA na mão —, era já apenas um entre muitos, com o seu ar cansado e postura curvada.

Dias mais tarde, o MPLA celebraria o seu V Congresso e João Lourenço seria retirado do cargo de secretário-geral. Passou, a partir daí, a ser o primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional. “Foi engavetado”, resume um homem da oposição em Angola. Uma pessoa conhecedora dos meandros do MPLA prefere descrever aquele episódio de forma eufemística: “O partido regulou-lhe as ambições”.

É aqui que começa o período na vida de João Lourenço que muitos classificam como a sua “travessia no deserto”. Mas se o termo parece correto no que diz respeito às ambições políticas de João Lourenço, o facto é que ele nunca deixou de ser uma pessoa presente na vida política de Angola e no MPLA. Só que, sendo presente, deixou de ser importante. “Esteve remetido quase ao anonimato”, diz Vítor Ramalho, secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa.

Quem privou com João Lourenço nesse tempo, garante que não lhe ouvia lamúrias. “Não se queixava”, garante essa fonte. “Ele percebeu o que lhe foi feito e não achou estranho. As pessoas que estão nestas coisas entendem.” Outros, sublinham que, nesse período, João Lourenço podia já não ser um josé-eduardista, mas nunca deixou de ser um homem do aparelho do MPLA. “Era um apparatchik, tanto do partido como das Forças Armadas”, garante uma fonte conhecedora da política angolana. “Naqueles anos, sabia de tudo o que se passava e nunca piou”, refere a mesma pessoa, em menção aos anos do dinheiro fácil em Angola.

Durante a sua travessia no deserto, João Lourenço não levantou ondas dentro do MPLA. Pelo contrário, navegou-as. Remetido a cargos como o de primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional, continuou ainda assim a cultivar boas relações entre várias esferas do partido — entre elas, a rede de negócios do MPLA, com a qual ele e a mulher fizeram dinheiro.

Foi já nessa altura que João Lourenço presidiu a uma sessão na Assembleia Nacional para aprovar a criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND). Tratava-se de um programa de empréstimos a juros baixos por parte do Estado a empresários e empreendedores, à semelhança de outros previamente tentados em Angola e que resultaram invariavelmente em situações lesivas para os cofres públicos. Naquele programa, que ainda hoje vigora, foi determinado que seriam canalizadas 5% das receitas do gás e petróleo e 2% das receitas diamantíferas para estimular a economia. Quando abriu a votação, reza o relato de uma crónica jornalística do jornal “A Capital”, João Lourenço terá dito: “Quem está a favor, quem está contra e quem não quer dinheiro?”. Todos os deputados votaram a favor, num raro (e provavelmente até aí inédito) consenso na Assembleia Nacional de Angola.

Por essa altura, também João Lourenço quis dinheiro. Nos anos em que fez a sua travessia no deserto, entrou no mundo dos negócios lado a lado com outras figuras do MPLA. Em 2011, passou a deter 5,42% do capital social do Banco Sol, o quinto maior de Angola, juntando-se a uma lista de acionistas que contempla personalidades como antigos ministros, a agora ex-primeira-dama Ana Paula dos Santos ou o empresário António Mosquito, com vários interesses em Portugal, incluindo nos media. Descrito várias vezes como o “banco do MPLA”, o Banco Sol é detido maioritariamente pela Sansul. Esta, por sua vez, é detida em 99% pela GEFI, a holding do MPLA que gere empresas que vão da comunicação e marketing ao setor mineiro, da construção civil ao imobiliário, entre tantos outros.

Um dos satélites do universo do GEFI é a empresa de publicidade Orion-Marketing, Publicidade e Produção S.A., que de acordo com um relatório de 2012 do Maka Angola, assinado por Rafael Marques, era à altura detida em 70% pela holding do MPLA e em 5% por Ana Dias Lourenço, mulher de João Lourenço e à altura ministra do Planeamento.

Foi precisamente no mesmo ano em que esse relatório foi publicado que a Orion celebrou um contrato que, mais tarde, viria a ser alvo de uma denúncia no processo da Lava-Jato, no Brasil. Em maio de 2017, já João Lourenço se preparava oficialmente para ser Presidente, Mônica Moura (mulher e colega de João Santana, o brasileiro especialista em marketing político que fez campanhas para o PT no Brasil e foi depois contratado pelo MPLA) disse em regime de delação premiada que a sua empresa celebrou um contrato para fazer a campanha do MPLA para as eleições gerais de 2012.

O valor total do contrato seria de 50 milhões de dólares, afiançou Mônica Moura. Destes, de acordo com aquele depoimento, 30 milhões terão sido pagos aos especialistas brasileiros por cima da mesa e depositados em contas criadas por eles no Banco Sol. Essa seria a parte legítima do negócio. “Foi tudo feito dentro da lei, como se deve”, disse a denunciante. “Foi tudo bonitinho, não teve problema nenhum.”

Já os restantes 20 milhões terão tido um uso diferente. Além de 5 milhões entregues de forma faseada para custear hotéis e alimentação da equipa brasileira em Angola, houve outros 15 milhões que foram pagos “diretamente” pela Odebrecht à Orion — o que, na prática, pode significar que aquela construtura com forte presença no mercado angolano terá pago parte da campanha do MPLA para as eleições de 2012.

“Eu fiz um contrato a pedido do Rui Falcão [secretário de informação do MPLA à altura] com uma produtora que existe lá, bem tosca, que trabalha com o partido, chamada Orion”, disse Mônica Moura. A Orion, enquanto empresa subcontratada, terá servido como veículo de um “contrato fictício”, conta a denunciante.

Embora João Lourenço esteja ligado por via da mulher à Orion, ao longo do depoimento de Mônica Moura não é referido que o casal tenha estado presente nas reuniões onde aquele alegado esquema terá sido preparado.

Há outro nome, porém, que a marketeer brasileira pronuncia logo no início do seu depoimento. Depois de explicar que a ideia de a sua empresa trabalhar com a campanha do MPLA partiu de Luiz Inácio Lula da Silva depois de este ter tido um encontro com José Eduardo dos Santos em Luanda, Mônica Moura recorda uma reunião que teve em Salvador, na Bahia, com uma delegação angolana para acertar pormenores. Quando diz o nome do homem que liderava essa delegação, a denunciante chega até a arregalar os olhos: “Manuel Vicente”. Obsevador

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