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Terça, 18 Fevereiro 2020 12:39

Luanda Leaks são "munições" para João Lourenço investigar antecessores

A consultora Eurasia considera que a divulgação de documentos envolvendo Isabel dos Santos, conhecidos como 'Luanda Leaks', são "munições" que o Presidente de Angola está a usar para lançar uma investigação à família do antecessor.

"Acampanha anticorrupção lançada por João Lourenço recebeu um impulso das recentes revelações sobre como a filha do antigo Presidente de Angola, Isabel dos Santos, construiu o seu império empresarial usando fundos públicos, os documentos conhecidos como 'Luanda Leaks' deram a Lourenço as munições necessárias para lançar formalmente uma investigação criminal contra [Isabel] dos Santos por má gestão e apropriação de fundos enquanto era presidente da Sonangol", dizem os consultores da Eurasia.

Numa nota sobre algumas economias da África subsaariana, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, a Eurasia diz que as revelações deram a João Lourenço "o apoio nacional e internacional, ao fornecer evidências concretas que contradizem as alegações de Isabel dos Santos de que a campanha é motivada politicamente".

Estes documentos, acrescentam os analistas, levaram Portugal a congelar os ativos da empresária, "ajudando Angola no seu esforço de recuperar 1,1 mil milhões de dólares dela e do seu marido, Sindika Dokolo".

O Presidente de Angola, argumentam, "vai usar Isabel dos Santos como um caso de sucesso na sua campanha contra a corrupção e usá-la para justificar mais esforços neste sentido, solidificando o seu legado como um reformador".

Por outro lado, acrescentam, "isto também vai dar a João Lourenço margem de manobra para usar contra outros membros da elite política e militar implicados em corrupção durante o mandato de 38 anos de José Eduardo dos Santos, aumentando a probabilidade de cooperarem com o Governo para recuperar ativos roubados".

O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação revelou em 19 de janeiro mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de 'Luanda Leaks', que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que estarão na origem da fortuna da família.

A investigação aponta, entre outras suspeitas, o uso do banco BIC pela empresária em contratos com origem na China de proveniência duvidosa.

No âmbito de um pedido de cooperação judiciária internacional das autoridades angolanas, a Procuradoria-Geral da República portuguesa anunciou, em 11 de fevereiro, que o Ministério Público requereu o arresto de contas bancárias da empresária em Portugal.

Isabel dos Santos foi constituída arguida em Angola por alegada má gestão e desvio de fundos durante a passagem pela petrolífera estatal Sonangol.

Além disso, viu as participações que detém em empresas em Angola arrestadas por ordem do tribunal de Luanda, num processo em que o Estado angolano se diz lesado em 1.136 milhões de dólares (mil milhões de euros) em negócios feitos pela empresária, nomeadamente através da Sonangol e na área dos diamantes.

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