O pedido foi feito na quinta-feira, 12, depois de Filipe, mais conhecido por “Feijó” e antigo adjunto do general José Maria, ter dito que os documentos sobre a batalha do Cuito Cuanavale, que o general levou à Fundação Eduardo dos Santos (FESA), serem “sensíveis e classificados”.
Antes, nas suas declarações, José Maria afirmou que os documentos "não são secretos nem classificados".
O advogado de defesa, Sérgio Raimundo, de imediato, pediu a prisão de Carlos Filipe por considerar que ele mentiu em virtude dos tais documentos serem supostamente sensíveis e classificados na África do Sul e não em Angola, onde decorre o julgamento.
Depois do juiz, general António dos Santos Neto ″Patónio″, ter indeferido o pedido de Raimundo, ele recorreu da decisão, expediente que, no entanto, será analisado posteriormente.
Declarante diz que houve superfaturamento no documento sobre Cuíto Cuanavale
O declarante Carlos Filipe Feijó, tenente-general, desmentiu hoje em tribunal as afirmações do ex-chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM), declarando que o dinheiro saiu dos cofres do Estado angolano, não dos bolsos do Ex-Presidente José Eduardo dos Santos, como havia dito o general "Zé Maria" na sessão de julgamento de ontem, e lançando uma nova acha para a fogueira: existe uma discrepância entre o valor apresentado inicialmente aos oito generais responsáveis pela reconstituição da história da Batalha do Cuíto Cuanavale e o valor retirado dos cofres do Estado.
De acordo com o tenente-general, que começou a ser ouvido ainda ontem ao final do dia e que hoje continuou a prestar declarações ao colectivo de juízes que tem em mãos o processo do general António José Maria "Zé Maria", um dos homens mais poderosos durante os anos de governação do ex- Presidente José Eduardo dos Santos, quando os oito generais encarregados de reconstituir a história do maior confronto militar da Guerra Civil Angolana começaram o projecto, o valor referido a todos eles foi de 1,2 milhões de dólares.
"No final do projecto tivemos conhecimento através das ordens de saque que o valor ascendia a 2,4 milhões", declarou Carlos Feijó, que disse ainda ao colectivo de juízes que os documentos, obtidos sem o conhecimento do Governo sul-africano, contêm segredos de Estado que "podem comprometer a Nação", nomeadamente alguns depoimentos de ex-militares das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola - FAPLA.
"Códigos e símbolos que uma vez divulgados fazem comprometer as relações entre Angola e Africa do Sul", afirmou.
A defesa do general "Zé Maria", acusado de ter retirado documentos militares após a sua exoneração do cargo, em 2017, das instalações do SISM e de os ter levado para a sua residência, pediu que o juiz determinasse a prisão de Carlos Feijó por falsas declarações, o Ministério Público contestou, e o juiz não só negou o pedido da defesa, como decidiu voltar a ouvir o ex-chefe da Secreta militar para saber "onde foi parar o resto do dinheiro", ou seja, 1,2 milhões de dólares. VOA/NJ