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Terça, 04 Fevereiro 2014 21:42

Fim de ciclo - João Melo

Brasília - Angola parece encaminhar-se para o fim de um ciclo. Isso era inevitável e, portanto, previsível. Os atores políticos e toda a sociedade são chamados, por isso, a encarar esse momento com a maior responsabilidade. Desde logo, tranquilidade e serenidade exigem-se. É crucial definir uma fórmula de transição que, sendo o mais consensual possível, faça o país avançar e não retroceder, mergulhando num clima de instabilidade semelhante ao de outros Estados africanos, em nome de «mudanças» que não passam de modismos e cópias, «impostos» de fora e sem qualquer ligação com a realidade concreta do nosso país.

Sim, mudanças são necessárias e, na minha opinião, estão «condenadas» a ocorrer entre nós, não porque os habituais adversários externos de Angola não desistem de trazer a instabilidade para dentro das nossas fronteiras, aproveitando-se muitas vezes dos nossos erros e debilidades, mas por corresponderem a necessidades internas efetivas, que as elites dominantes, se quiserem continuar a sê-lo, não podem olimpicamente ignorar e desprezar. Mas tais mudanças devem ser positivas, promovendo a resolução dos problemas que a sociedade ainda enfrenta, e não o inverso, ou seja, acarretando «desforras históricas», que impliquem novas exclusões e perseguições.

Resistir e sobreviver a uma das maiores conspirações internacionais da recente história contemporânea, contribuir para a libertação da parte sul do continente africano, iniciar um processo de pacificação interna inédito em África e dar os primeiros passos rumo ao crescimento e ao desenvolvimento foram as grandes realizações e conquistas do ciclo que agora se aproxima do fim. Como não há processos históricos isentos de erros, isso foi feito entre avanços e recuos, luzes e sombras, momentos de invulgar inspiração e generosidade e atos e opções criticáveis e até condenáveis. Mas o balanço global é comprovadamente favorável, o que explica a razão por que Angola é, neste momento, uma referência incontornável em África e não só.

Por João Melo

Revista África21

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