Domingo, 16 de Junho de 2024
Follow Us

Quinta, 24 Setembro 2015 12:52

Funcionários Públicos em pânico sobre processo de recadastramento

As inquietações avultam em vários sectores, principalmente os da Educação, Saúde e Defesa, onde, ao que se comenta, haverá numerosos 'fantasmas' ou mesmo batalhões inexistentes, caindo os respectivos soldos no bolso de um punhado de 'chico espertos'.

Embora não se saiba ao certo quando deverá iniciar a 'operação', o Governo 'publicou', no princípio deste mês, um decreto-executivo, visando o recadastramento dos funcionários públicos, iniciativa que tem por objectivo travar o pagamento irregular dos salários.

Deste modo, as autoridades vão avançar com a implementação do processo que deve incluir a recolha de dados biométricos de todos os funcionários do Estado e agentes administrativos, para acabar com a confusão dos 'fantasmas' em muitas repartições públicas.

A medida foi aprovada por um decreto-executivo conjunto dos Ministérios das Finanças, da Administração do Território e da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, de 4 de Setembro, e prevê a criação de brigadas para assegurar a recolha dos dados.

Fonte do Ministério das Finanças (MINFIN) indica que a recolha e o armazenamento de dados pessoais têm por finalidade a identificação biométrica e a actualização dos dados dos funcionários da Administração Pública, de modo a garantir o controlo eficaz e permitir que o pagamento de salários seja efectuado somente aos funcionários públicos, devidamente, registados no Sistema Integrado de Gestão Financeira do Estado.

O País enfrenta uma crise financeira e económica, devido à forte queda, em cerca de 50 por cento das receitas provenientes da exportação petrolífera. A cotação do barril do 'ouro negro' caiu drasticamente e os resultados disso são tangíveis na actividade económica e, sobretudo, no sector social. Para contornar o problema, o Executivo ensaia várias medidas de contenção, tendo revisto, em Março último, o Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2015, cortando um terço de todas as despesas, mas com a garantia de manter na mesma os gastos com as remunerações do sector público. Entre vencimentos e contribuições sociais dos trabalhadores do Estado, o OGE 2015 prevê uma verba total de 1,565 mil milhões de dólares.

O recadastramento, que agora será feito aos trabalhadores da Função Pública, envolverá a recolha de dados como a impressão e fotografias digitais, sendo feita presencialmente, acrescenta a informação do MINFIN, sem precisar quando é que a operação inicia.

Com esta iniciativa, de acordo com o jurista Africano Cangombe, fica-se com a ideia de que, finalmente, o Governo reconheceu haver gritantes irregularidades no funcionalismo público. "Finalmente, o Executivo reconheceu que o sistema de admissão dos funcionários não obedeceu a nenhum critério credível, sendo que entraram para as empresas e instituições públicas muitas pessoas que lá não deviam estar. Há muitos nomes fictícios e concomitantemente muitos aproveitadores que ficaram ricos com isso, usufruindo de salários de indivíduos inexistentes, mas que constam das folhas de pagamento que, mensalmente, dão entrada no Ministério das Finanças. É uma autêntica roubalheira", afirmou o também professor universitário ao Agora. Este instrutivo governamental, que ainda não tem data marcada para entrar em acção, já está a agitar muitos sectores, com destaque para aqueles que movimentam muitos funcionários como os da Saúde, Educação e Defesa, onde, segundo as nossas fontes, se calcula haver numerosos soldados 'fantasmas'.

AGORA | AO24