No início da visita, Lloyd Austin foi recebido pelo Presidente João Lourenço e reuniu-se com o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Francisco Furtado.
Austin disse que Angola tornou-se num “parceiro muito valioso e um líder crescente na região”.
“Estou aqui em Angola para fortalecer esta parceria”, afirmou aquele governante, que manifestou a disponibilidade de Washington em cooperar com Luanda no domínio da defesa contra a pirataria marítima e em operações de paz.
O secretário de Defesa americano reafirmou também o engajamento do seu Governo no “fortalecimento da democracia, segurança, combate às grandes endemias e ameaças climáticas”.
O secretário da Defesa norte-americano fez estas declarações quando dissertava sobre os novos ângulos da política dos Estados Unidos para África numa palestra sob o tema "O Poder da Parceria", no Arquivo Histórico Nacional de Angola.
“África não precisa de homens fortes, precisa de instituições fortes"
Ao falar sobre a visão da Administração Biden para África, Austin destacou que o Presidente “acredita que o sucesso de África é crucial para o futuro da Humanidade" e afirmou que nos Estados Unidos há uma noção exata de que o continente africano “é fundamental e importante para mudar o mundo do seculo XXI, para a sua segurança comum".
“África não precisa de homens fortes, precisa de instituições fortes", enfatizou o secretário da Defesa, reiterando que os Estados Unidos estão disponíveis para trabalhar nesse sentido.
Lloyd Austin alertou ainda para o perigo que representam os golpes militares em África, bem como os "grupos de mercenários ao serviço de autocracias" que estão a contribuir para desestabilizar democracias em nome de governos que procuram ganhar influência "vendendo armas baratas" aos países africanos.
Aquele militar de carreira realçou que as mulheres e homens de uniforme têm um papel fundamental na defesa dos povos contra quem procura desestabilizar as sociedades abertas e democráticas, "servem os povos e os cidadãos".
Encontro com João Lourenço e autoridades da Defesa
Ao concluir, Lloyd Austin sublinhou que "queremos avançar assentes em parcerias fortes porque o futuro está a ser escrito hoje".
No período da manhã, o secretário da Defesa dos Estados Unidos foi recebido pelo Presidente João Lourenço numa audiência dominada, segundo a Presidência, pelas “relações de cooperação entre Angola e os Estados Unidos da América”, testemunhada por "altos funcionários do dois governos".
Também hoje o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Francisco Furtado, e Lloyd Austin chefiaram duas delegações militares num encontro à porta fechada, na sede do Ministério da Defesa e Veteranos da Pátria, em Luanda, para o reforço da cooperação.
Lloyd Austin iniciou no domingo, 24, a sua primeira viagem a África no Djibuti, em que reafirmou “o compromisso duradouro com a região".
Embaixador fala em "visita histórica"
Antes de chegar ontem à noite a Luanda, ele visitou o Djibuti e o Quénia.
Ao comentar a primeira visita de um secretário de Defesa dos Estados Unidos a Angola, 47 anos depois da Independência do país, o embaixador americano em Luanda disse que "os Estados Unidos estão interessados na prosperidade partilhada e na diplomacia económica" entre os dois países que têm "valores comuns".
"Este ano estamos a celebrar 30 anos de relações diplomáticas", lembrou Tulinabo Mushingi , para quem esta trajetória tem sido "muito positiva".
Quanto à "visita histórica" de Lloyd Austin, o diplomata sublinhou a "parceria estratégica para assegurar prosperidade aos dois povos".
Interesse de João Lourenço
Recorde-se que no final de 2022, quando o Presidente angolano visitou Washington, o incremento das relações militares foi um dos tópicos abordados num encontro que João Lourenço manteve com Lloyd Austin.
Numa entrevista à Voz da América, na altura, Lourenço confirmou que o seu Governo está interessado em adquirir armamento americano como parte de um programa de reorganização das suas Forças Armadas.
Antes, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Llyod Austin, tinha revelado que o seu Departamentoo recebeu pedidos de Angola para material militar e que isso estava agora a ser analisado pelo Departamento de Estado.
“Nós queremos ver os Estados Unidos da América a participar no nosso programa de reequipamento das nossas forças armadas”, disse João Lourenço, quem recordou que “até hoje” as Forças Armadas Angolanas têm apenas “técnica soviética”.
E mais: “Nós entedemos que chegou o momento de darmos o salto para reamarmos as nossas Forças Armadas também com equipamento da NATO e olhamos para os próprios Estados Unidos como o parceiro ideal para nos ajudar a fazer essa transição”, acrescentou o Presidente angolano. VOA