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Sexta, 03 Mai 2024 14:09

Corredor do Lobito, USAID e as lições esquecidas da história

Hoje em Angola e fora dela diferentes setores da sociedade questionam a efetividade do Corredor do Lobito como um projeto de eficácia duvidosa. Mas há um aspecto pouco discutido na sociedade, que se trata do papel a ser exercido pela própria USAID em Angola e África.

A influência da USAID no Brasil e na América Latina já foi objeto de diversos artigos científicos de professores do Brasil como Alex Ricardo Miranda, da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, e Rodrigo Patto Sá Motta. Esses artigos científicos nos descrevem em minúcias os danos causados pela USAID à polícia do Brasil e ao seu sistema educacional, destruindo no país o sentimento nacional, a sua democracia e alinhando o país com os EUA durante a guerra fria. Esse pacto diabólico levou a América Latina inteira a tiranias, ditaduras, repressão, instabilidade política e crises econômicas em nome de um combate a um hipotético “comunismo”.

Arquivos da USAID revelam que os americanos treinaram cerca de 125.000 militares da América Latina e Caribe entre 1950 e 1998. Dentre esses militares treinados pelos EUA estão nomes como o general Augusto Pinochet, que derrubou o presidente democraticamente eleito Salvador Allende, e desencadearam a Operação Condor para combater um “comunismo” que jamais existiu na América Latina.

Falando em “comunismo”, em 2014, Cuba denunciou um esquema da USAID para recrutar ativistas antigovernamentais em países vizinhos, como informou France24.

Ainda, a Wikileaks revelou um plano audacioso do então governo George W. Bush para derrubar o presidente da Venezuela Hugo Chávez. O artífice do plano era o embaixador dos EUA na Venezuela William Brownfield, cuja proposta era a de “fortalecer as instituições democráticas” com 15 milhões destinadas a mais de 300 organizações da sociedade civil, mas o golpe contra Chávez fracassou. Na vizinha Moçambique, a embaixada dos EUA hasteou a bandeira do chamado “Movimento LGBT”, numa nítida violação da Convenção de Viena referente à propaganda política feita por uma embaixada. Longe de quaisquer insinuações morais ou sexuais, a página da USAID deixa claro que o movimento LGBT e sua “cruzada contra a homofobia” são instrumentos de sua política.

A história é repleta de ironias. O MPLA um dia lutou contra a UNITA e denunciou os Estados Unidos durante a guerra civil, hoje a UNITA critica o projeto do Corredor do Lobito, mas há que questionar, o que pensam a esse respeito as lideranças do MPLA? Teria o PR João Lourenço esquecido as lições do Dr. Agostinho Neto? Se a USAID precisou gastar esforços para fazer o povo do Brasil esquecer a sua história ao interferir no seu sistema educacional, parece que em Angola não terão que fazer muito trabalho. Está o presidente João Lourenço ciente dos perigos que a USAID oferece a Angola?

Por Antônio de Carvalho

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Last modified on Domingo, 23 Junho 2024 07:47